Orgia de cores
Os nudibrânquios são os animais mais coloridos do fundo do mar e estão entre os mais expostos a predadores. Só não foram extintos graças à facilidade com que procriam e a diversos truques de sobrevivência
Rafael Kenski
Beleza inédita
Foto: reprodução Water-Frame.com
As cores fortes destes Chromodoris tertianus, das Ilhas Maldivas, são, na verdade, um sinal de alerta. Na natureza, colorações muito marcantes estão sempre associadas a animais venenosos. Indicam uma refeição nada digestiva para quem tentar comê-los. No entanto, as cores aparecem mesmo em nudibrânquios que podem ser comidos sem nenhum problema. É uma forma de se disfarçarem de venenosos e afastarem os possíveis predadores
Só no fundo do mar
Foto: Jon Hanson/Wikimedia Commons
Os nudibrânquios são parentes muito próximos dos caramujos. Durante as primeiras semanas de vida, eles também possuem uma concha para se proteger, que abandonam ao se tornarem adultos de modo a ficarem mais rápidos e flexíveis. A agilidade permite fugir de predadores mais fortes e velozes. Algumas espécies – como a Nembrotha megalocera, do Sudão – conseguem até mesmo nadar
Sinal de alerta
Foto: Berghia coerulescen / Parent Géry/Domínio Público
Apesar de possuírem olhos, a visão dos nudibrânquios é muito fraca. O principal sentido está no par de “antenas” que saem da cabeça, com sensores químicos que identificam as correntes marítimas, a qualidade da água e a proximidade de outros animais. Para se orientarem, muitas vezes seguem a trilha de muco deixada por outro molusco. Ao andarem por esses caminhos, conseguem identificar, pelo cheiro, se quem passou por ali enfrentou alguma situação de estresse. É o sinal para dar meia volta e fugir
Nem tão pequenos
Foto: Jenny Huang/Wikimedia Commons
Até na Antártida é possível achar esses moluscos, presentes em todos os oceanos. Apesar da variedade, poucos têm mais do que os 5 centímetros destas Nembrotha cristata, das Ilhas Maldivas, mas em alguns casos muito raros atingem até 1 metro. O interesse científico desses animais vem em grande parte dos neurologistas: os neurônios de algumas espécies têm até 1 milímetro – 25 vezes maiores do que os dos homens – e podem ser vistos a olho nu