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Pareidolia: por que vemos “rostos” em objetos inanimados? Este estudo explica

Você enxerga um rosto na sua tomada? A evolução – e a maneira como seu cérebro processa informações – podem explicar por quê.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 13 mar 2024, 11h30 - Publicado em 18 ago 2020, 17h59

Olhe para a tomada mais próxima, para um conjunto de janelas, ou então para a traseira de um carro. Se você vê figuras parecidas com rostos nesses e outros objetos, saiba que não é o único: trata-se de um fenômeno bem conhecido pela ciência, chamado pareidolia. Basta posicionar duas formas que lembrem olhos acima de outra que pareça uma boca para as pessoas começarem a enxergar rostos.

A pareidolia já foi vista como um sinal de psicose no passado, mas hoje se sabe que ela é uma tendência completamente normal entre humanos. No livro O mundo assombrado pelos demônios, Carl Sagan escreve que a tendência está provavelmente associada à necessidade evolutiva de reconhecer rostos rapidamente. 

Pense na pré-história: se uma pessoa conseguisse identificar os olhos e boca de um predador escondido na mata, ela teria mais chances de fugir e sobreviver. Quem tivesse dificuldade em ver um rosto camuflado ali provavelmente seria pego de surpresa – e consequentemente viraria jantar. Assim, a seleção natural atua preservando os indivíduos que possuem facilidade em ver rostos em vários lugares. 

(Capuski/Getty Images)

Um estudo de 2017 mostrou que os macacos rhesus também parecem ver rostos onde não tem. Isso indica que essa característica pode ter sido herdada de um ancestral em comum entre primatas.

Até bebês recém-nascidos são capazes de reconhecer rostos. De novo, a evolução age aqui: um bebê que reconhece rápido e sorri para o rosto dos pais estimula que os progenitores cuidem dele. Já um bebê que permanece totalmente apático – não sabendo diferenciar um rosto de uma parede – geralmente não gera tanta empatia.

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Pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália, investigaram o fenômeno em um artigo publicado na Psychological Science. Eles escrevem que, além da vantagem evolutiva, a pareidolia também pode estar relacionada ao mecanismo do cérebro que reconhece e processa informações sociais em outras pessoas.

(WLADIMIR BULGAR/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

“Não basta perceber a presença de um rosto. Precisamos reconhecer quem é aquela pessoa, ler as informações presentes no rosto, se ela está prestando atenção em nós, e se estão felizes ou tristes”, diz Colin Palmer, líder do estudo, em nota. Algumas partes do cérebro são especializadas em extrair esse tipo de informação.

De fato. Os objetos inanimados não parecem ser apenas rostos inexpressivos. Em uma simples caminhada na rua, você pode ter a impressão de que os semáforos, carros, casas e até tijolos jogados na calçada estão te encarando. Eles também “esboçam” expressões faciais – medo, raiva, alegria, susto ou tristeza.

(Jean du Boisberranger / Lee Saborio/Getty Images)

Basicamente, o estudo procurou entender se o nosso cérebro realmente trata esses objetos como rostos de verdade (e não apenas como uma imitação), e se usam o mesmo mecanismo para extrair as emoções e informações. 

Os pesquisadores mostraram aos voluntários repetidas imagens de objetos “olhando” para a esquerda. Depois de um tempo, as pessoas começaram a ter a impressão de que o objeto estava “olhando” para o lado contrário, a direita. Esse é um fenômeno chamado adaptação sensorial, em que o cérebro se acostuma com um estímulo (nesse caso, visual), e a percepção daquele objeto acaba falhando. Isso acontece com fotos e pinturas de rostos humanos.

(Nora Bo / TacioPhilip / Juzant/Getty Images)

Portanto, segundo os autores, os objetos de fato são interpretados como rostos humanos pelo nosso cérebro. “Nós sabemos que o objeto não tem uma mente, mas não conseguimos evitar olhar para eles como se tivessem características inteligentes, como direção do olhar ou emoções. Isso acontece porque os mecanismos ativados pelo nosso sistema visual são os mesmos quando vemos um rosto real ou um objeto com características faciais”, diz o pesquisador.

Os cientistas pretendem também investigar os mecanismos cognitivos que levam ao oposto: a prosopagnosia (a inabilidade de identificar rostos) ou algumas manifestações do espectro autista, que inclui a dificuldade em ler rostos e interpretar as informações presentes neles, como o estado emocional

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