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Pedaço de crânio humano com 210 mil anos é o mais antigo fora da África

Fóssil encontrado na Grécia e analisado por alemães parece valioso, mas arqueólogos de outras instituições já colocaram a descoberta em xeque.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 jul 2019, 18h48 - Publicado em 10 jul 2019, 18h45

Um fragmento de crânio de Homo sapiens de 210 mil anos proveniente uma caverna na península do Peloponeso, no sul da Grécia, é o mais antigo indício da presença de nossa espécie fora da África. Caso a idade avançada do fóssil seja comprovada – a comunidade científica, vale dizer, ainda está cética –, os arqueólogos serão obrigados a reescrever a história da humanidade.

A descoberta foi feita por uma equipe da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e publicada na Nature

Até 2017, o consenso científico era de que nossa espécie havia surgido no leste da África – mais ou menos no atual território da Etiópia – há 200 mil anos, e só havia se estabelecido na Ásia e na Europa há 70 mil anos (houve migrações antes disso, mas não foram tão significativas). A descoberta de crânios de 300 mil anos no Marrocos virou essa narrativa de ponta-cabeça: calhou que o Homo sapiens entrou em cena 100 mil anos antes – e tinha uma abrangência geográfica maior do que se imaginava. 

Esse crânio, caso seja autêntico, representa uma revolução com o mesmo impacto das descobertas marroquinas: jogará para trás em 140 mil anos a data da nossa primeira migração para fora da África. O problema é a parte do “autêntico”.

O fragmento de crânio analisado no estudo consiste apenas na parte de trás da cabeça. Ele estava encravado em um pedaço de rocha encontrado na década de 1970 e armazenado em museu em Atenas desde então. No mesmo pedaço de rocha, havia outro crânio (este, bem mais completo e pertencente a um homem de Neandertal de 170 mil anos) e uma porção de ossos.

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O naco de crânio menor, por ser pequeno e de difícil identificação, foi ignorado por décadas. De acordo com a nova análise, seu formato é suficiente para afirmar que pertenceu a um Homo sapiens, e não a um Neandertal. O problema é explicar como um crânio humano de de 210 mil anos e um crânio Neandertal de 170 mil anos – isto é: ossos distantes tanto na anatomia quanto no tempo – teriam acabado se fossilizando juntos e shallow now. 

Além disso, as datações realizadas pelos pesquisadores deram resultados bastantes discrepantes entre si, o que torna a estimativa de 210 mil anos uma média suspeita, e não uma certeza absoluta. Ao Guardian, o paleoantropólogo espanhol Juan Luis Arsuaga (que não participou do estudo) afirmou não estar convencido: “O fóssil está muito fragmentado e incompleto para permitir uma afirmação tão radical. Na ciência, afirmações extraordinárias requerem provas extraordinárias.” Resta acompanhar os próximos capítulos da polêmica.

 

 

 

 

 

 

 

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