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Peixes de caverna cegos têm várias papilas gustativas espalhadas pela cabeça

As papilas gustativas extras se espalham pela cabeça e pelo queixo, aparecendo a partir dos cinco meses de vida.

Por Eduardo Lima
20 ago 2024, 14h00

Peixes de caverna passam todas suas vidas em ambientes subterrâneos e sem iluminação. Com o tempo, eles foram passando por diversas adaptações evolutivas que os levaram a ficar com os olhos atrofiados – ou só os perder de uma vez – e não ter pigmentação na pele, sendo quase translúcidos.

Agora, cientistas descobriram que alguns peixes de caverna têm várias papilas gustativas, espalhadas pela cabeça e pelo queixo, diferentemente da maioria dos peixes, que têm as papilas gustativas na cavidade oral, como nós.

A pesquisa liderada por estudantes da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, foi publicada na revista Communications Biology. O objetivo do estudo era tentar entender quando as papilas gustativas começaram a se espalhar pelo corpo dos peixes, já que elas foram observadas pela primeira vez na década de 1960, sem estudos posteriores para explicar o fenômeno.

Os peixes de caverna observados foram da espécie Astyanax mexicanus. Duas populações com papilas gustativas extras foram examinadas, uma da caverna Pachón e outra da caverna Tinaja, ambas no noroeste do México.

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Comparando os peixes de caverna com animais da mesma espécie que vivem na superfície, os cientistas descobriram que o número de papilas gustativas continua o mesmo entre eles do nascimento aos cinco meses de idade.

As papilas extras começam a aparecer nos peixes de caverna depois dos primeiros meses de vida, se espalhando pela cabeça e pelo queixo até os 18 meses de vida. Isso já é vida adulta para os peixes, que vivem cerca de 15 anos em condições de cativeiro. Ou seja, é como se a puberdade dos peixes de caverna envolvesse ganhar novas papilas gustativas. Os autores suspeitam que mais papilas continuem aparecendo no decorrer da vida, mas não conseguiram checar isso no estudo.

É por volta da idade que as papilas extras começam a surgir que esses peixes mudam suas dietas. Eles abrem seus paladares “infantis” para comidas além de outros seres vivos, como guano (fezes acumuladas) de morcego, muito presente nas cavernas.

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Ainda não se sabe precisamente qual a importância dessa adaptação evolutiva para os peixes de caverna, mas provavelmente está relacionada à importância de ter um senso de gosto mais aguçado para identificar o que pode ser comida para subsistência. Pensando nisso, os pesquisadores já começaram outro estudo, expondo os peixes a gostos azedos, doces e amargos.

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