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Peixinhos de aquário ficam viciados em droga

Após cinco dias, os bichos já sabiam buscar por conta própria as doses de opioide - que eles passaram a querer mais e mais

Por Guilherme Eler
Atualizado em 31 ago 2017, 16h06 - Publicado em 31 ago 2017, 16h06

A vida no interior de um aquário deve ser um tanto monótona. A paisagem é sempre a mesma, os vizinhos nunca mudam e a comida chega quase sempre na mesma hora. Apesar de os peixes parecerem conformados, não seria nada mal para eles, vez ou outra, fugir um pouco dessa realidade. Pesquisadores norte-americanos descobriram isso ao testar a reação de peixes-zebra (Danio rerio) a substâncias alucinógenas. Nos mascotes, o vício também se mostrou perigoso: para ter acesso a droga e fazer a onda durar por mais tempo, eles passaram a assumir riscos e a adotar comportamentos que não teriam normalmente.

A espécie, muito utilizada para fins ornamentais, foi testada em um experimento descrito no jornal Behavioral Brain Research. Os peixinhos foram colocados em um tanque de plástico, onde passavam 50 minutos de seu dia (no resto do tempo, eles ficavam em um aquário comum). A diferença é que, no novo ambiente, contavam com open-bar de di-hidrocodeína, um narcótico da família dos opioides, que podiam consumir à vontade.

Funcionava assim: dentro do tanque havia duas plataformas, uma branca e uma amarela. Se os peixinhos nadassem por cima da branca, nada acontecia. Mas, quando eles passavam por cima da amarela, ativavam um um sensor de movimento que liberava o opioide na água. A água do tanque era constantemente renovada, o que obrigava os bichos a repetirem o processo sempre que quisessem a droga. Manter essa facilidade de acesso, segundo o co-autor do estudo Randall Peterson disse ao The Verge, era importante. Afinal, receber o opioide passivamente e ficar viciado é diferente de buscá-la por vontade própria para satisfazer a dependência.

No primeiro dia, os peixinhos não fizeram distinção entre as plataformas, nadando por cima dos dois quadrados com a mesma frequência. Porém, no quinto dia de experimento, eles já ignoravam completamente a plataforma branca – focando somente na amarela para conseguir doses e mais doses de hidrocodeína.

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Uma semana depois do início da tarefa – e já completamente viciados – os bichinhos passaram a nadar mais próximos da superfície, onde a concorrência pela droga, em teoria, seria menor. Isso porque, na natureza, ficar dando as caras na parte mais rasa é um comportamento arriscado. Para os peixes, fazer isso é chamar a atenção de predadores, aumentando consideravelmente sua chance de virar jantar.

Os testes com os peixes-zebra são interessantes por causa da certa similaridade que a espécie possui com os humanos. Além de possuírem os mesmos neurotransmissores que nós, como a dopamina, eles têm 80% do genoma igual ao nosso. Os cientistas acreditam que essas características possam ajudar a entender o vício em humanos e desenvolver medicamentos para combater a dependência. “A esperança é que essas drogas, quando descobrirmos quais são, sejam capazes de reduzir o impulso que os humanos têm por opioides”, explicou Peterson.

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