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Polêmica sem fim

Ciência ainda busca respostas para questões-chave para o futuro dos organismos geneticamente alterados

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 Maio 2018, 13h18 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00

Karen Gimenez

Criados nos anos 80, os alimentos transgênicos continuam a dividir os cientistas. A falta de respostas conclusivas para várias questões – econômicas, ambientais, sanitárias – tem dado margem a debates apaixonados entre partidários e detratores desses produtos. De um lado, há os que promovem os transgênicos como verdadeira salvação da lavoura: a criação de variedades mais resistentes a pragas e doenças levaria ao aumento da produtividade e à gradual queda dos preços, contribuindo assim para a diminuição da fome no mundo.

De outro, os críticos argumentam que a fome é uma questão política e de distribuição de renda. As multinacionais estariam interessadas apenas em engordar seus lucros, já que um dos resultados da transgenia é a geração de sementes estéreis: cada vez que quiserem plantar, os agricultores precisam comprar novas sementes da empresa que detém a patente.

Outro motivo de preocupação é o impacto ambiental, cuja extensão a ciência ainda desconhece. Há o receio de que as lavouras transgênicas contaminem plantações vizinhas, ameaçando a biodiversidade.

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Discutem-se também os possíveis danos à saúde humana. Em 1996, o médico alemão Walter Doefler divulgou um estudo sobre as conseqüências da ingestão de alimentos transgênicos. Por meio de experiências com cobaias, ele concluiu que o DNA exógeno (introduzido de outra espécie) de um vegetal transgênico pode entrar na nossa corrente sangüínea e se tornar ativo, quebrando a barreira entre as espécies. O pesquisador Francisco Aragão, da Embrapa, afirma que tal estudo não tem credibilidade e que o corpo humano é capaz de destruir os genes exógenos.

Polêmica à parte, Aragão aposta que, nos próximos anos, muito se investirá em organismos geneticamente modificados, mas prioritariamente alterando características genéticas da mesma espécie, em vez de introduzir genes de outras, como se faz na transgenia. Segundo Aragão, do ponto de vista científico não há muita diferença, mas a aceitação, pelos consumidores, de um alimento modificado é mais fácil quando não se misturam espécies.

O impacto da descoberta

Os estudos sobre alimentos transgênicos avançaram nos anos 90, mas ainda há muitos pontos de interrogação, o que serve de munição para debates apaixonados. A ciência deve encontrar respostas claras para as dúvidas que causam uma apreensão natural nos consumidores

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Enquanto isso…

Transgênicosavançam e já ocupam20% da área cultivada

Transgênicos são organismos vegetais ou animais geneticamente modificados, ou seja, que tiveram o gene de uma outra espécie introduzido em seu DNA. O objetivo é obter uma característica desejada da outra espécie, como a resistência a uma determinada praga.

Um marco nas pesquisas nessa área foi em 1980, quando os cientistas americanos Jon Gordon e Frank Ruddle realizaram experimentos com camundongos e usaram pela primeira vez o termo “transgênico”. Pouco depois, em 1983, quatro equipes que trabalhavam de forma independente nos Estados Unidos e na Bélgica anunciaram as primeiras plantas transgênicas, entre elas uma variedade de fumo resistente a um antibiótico. Nos anos 90, dois alimentos básicos chegaram à mesa do consumidor por meio da transgenia: o tomate, em 1992, e a soja, em 1996. Hoje são cultivadas sete plantas transgênicas em escala comercial: soja, milho, algodão, canola, arroz, batata e tomate. Além dessas, há cerca de 60 culturas em teste. No Brasil, a Embrapa desenvolveu o primeiro feijão resistente ao vírus do mosaico dourado.

Em 2003, estima-se que as culturas transgênicas ocupavam 68 milhões de hectares, um quinto da área plantada no mundo, envolvendo 7 milhões de agricultores.

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