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Por que elefantes quase não têm câncer – e como isso pode nos ajudar?

É muito raro que elefantes desenvolvam a doença, apesar de o seu tamanho indicar o contrário. Cientistas descobriram como e por que isso acontece

Por Ana Luísa Fernandes
Atualizado em 4 nov 2016, 19h01 - Publicado em 27 out 2015, 18h15

É tudo genética. Estudos recentes descobriram que os elefantes quase nunca são acometidos por câncer por terem um gene que nós também temos: o TP53, também conhecido como o gene supressor de tumores. Só que eles carregam 20 cópias, e nós, só uma. O gene codifica a proteína p53, que evita que a divisão celular dê errado. O estudo também analisou o genoma de ancestrais menores dos elefantes, e encontrou menos cópias do TP53. De acordo com o coautor do estudo, Joshua Schiffman “Por todas as razões lógicas, elefantes deveriam desenvolver muito câncer, e, na verdade, já deveriam estar extintos, graças ao grande risco da doença. Achamos que produzir mais p53 é um jeito de a natureza manter as espécies vivas”.

elefantes

E quais são essas razões lógicas? O câncer acontece quando a divisão celular dá errado. Essa divisão forma grandes quantidades de células defeituosas, que podem originar um tumor. Seguindo esse pensamento, os elefantes deveriam ter um número muito maior de incidência de câncer que nós, humanos. Afinal, eles, que pesam até 13 toneladas, têm muito mais células. E quanto mais células, mais divisão celular e maior a probabilidade de alguma dar errado. Os cientistas sempre souberam que existia algo de errado nesse processo, porque enquanto até 25% da população humana morre de câncer, menos de 5% da popuação de elefantes morre com a mesma doença. Agora eles já sabem um dos possíveis motivos.

Ainda restam muitas perguntas sobre a p53. Os pesquisadores não sabem, por exemplo, como ela aparece em outros grandes animais, como as baleias. A proteína já é usada há mais de 15 anos em tratamentos imunoterápicos contra o câncer, mas pode ser que a nova descoberta, que envolve o gene, demore um pouco para ser utilizada clinicamente.

 
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