Quando a água vence o fogo
Cientistas americanos descobrem vapor d¿água em duas das maiores estrelas que brilham sobre sua cabeça.
Thereza Venturoli
A frase acima parece conter uma contradição: como é possível que uma estrela – uma bola de matéria incandescente – contenha água? Mas, se for explicado, o fato deixa de ser absurdo e se torna fascinante. Como no caso de Betelgeuse, a estrelinha vermelha da Constelação de Órion, e Antares, em Escorpião (veja abaixo). Dois astrônomos do Centro Goddard, da Nasa, em Maryland, descobriram água na atmosfera dessas duas supergigantes vermelhas. São estrelas no fim de sua atividade. Por isso, têm a cor avermelhada e a temperatura de sua superfície já vai caindo. Não passa de 3 000 graus Celsius. É quente pra burro. Mas é bem menos que os 5 500 graus do Sol, uma estrela em plena maturidade. Pois bem. Analisando a luz emitida por Antares e Betelgeuse, os pesquisadores acharam 1 quintilhão (ou seja, um milhão de um milhão de um milhão) de moléculas de H2O a cada centímetro quadrado. “É que esses astros estão suficientemente frios para que os átomos de oxigênio e de hidrogênio ali existentes se unam e formem vapor d’água”, disse à SUPER Don Jennings, um dos pesquisadores. É claro que as gotículas são quase que instantaneamente destruídas pelo calor. Mas, ao mesmo tempo, outras são criadas. Assim, a quantidade se mantém a mesma. Já se sabia que as regiões mais frias do Sol, as chamadas manchas solares, contêm água. Aliás, foi isso o que levou a equipe de Jennings a desconfiar da umidade de Antares e Betelgeuse. Afinal, as duas supergigantes têm a mesma temperatura das regiões escurecidas do Sol.