Ricardo Alexandre
Há muito a tecnologia invadiu nossas vidas. Forno de microondas, computador, telefone celular, controles remotos para todos os aparelhos, programas que permitem pagar contas e fazer transferências sem ir ao banco… Talvez justamente porque ainda não estejam ao alcance de todos, os robôs exercem especial fascínio neste mundo de inovações. Desde os tempos de Will Robinson, no seriado Perdidos no Espaço, eles aparecem (nas telas de TV e do cinema e também nos laboratórios de cientistas) como “amigos” criados para dar mais cor à vida. O engenheiro japonês Jimmy Or, da Universidade Waseda, em Tóquio, acredita seriamente nisso. Depois de meses freqüentando aulas de dança do ventre, resolveu montar uma máquina capaz de repetir um dos movimentos, o chamado “camelo”. Or sabe que a estrutura do corpo humano envolvida no rebolado é complexa demais. Por isso, simplificou a coisa. Desenvolveu um software capaz de simular o sistema nervoso de uma lampreia (na avaliação dele, o animal aquático e o bicho que dá nome à dança se mexem do mesmo jeito). Pois bem, ainda que as más línguas garantam que Waseda Belly Dancer No 1 só ganhou forma para que seu inventor tivesse um par para dançar, Or acredita que sua amiga pode ser o protótipo de uma nova geração de robôs, “uma vez que nenhum humanóide mostrou ter, até agora, a flexibilidade dela”.
Mas nem só de dança do ventre vivem os robôs. A bailarina e professora Sommer Gentry, do prestigiado Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos, descobriu uma receita que mistura ginga com psicologia – e vale até para as máquinas. Depois de muito estudar o tema, ela se convenceu de que o segredo para dançar bem é apalpar o parceiro. Basta o tato para dois humanos – ou um homem e um robô! – se mexerem de forma coordenada. Nem é preciso estabelecer alguma comunicação visual. Para comprovar sua tese, Sommer recrutou um casal de bailarinos e os fez girar com os olhos vendados. Deu certo! Depois, para calar a boca dos céticos, repetiu a dose com um robô e um humano. Ela programou o John Travolta de lata para rebolar ao ritmo de “New York, New York”. Quem viu o experimento garante: o robô ainda está longe de um Fred Astaire ou uma Ginger Rogers. A pesquisadora, porém, adorou os resultados e promete intensificar os estudos, até atingir o objetivo final: desenvolver um equipamento que, além de servir de parceiro na pista, ajude a compreender como funciona uma dança. E você que pensava que era só deixar o som tomar conta da cabeça para soltar o corpo…