A gaivota-negra vive cerca de oito anos. Voando durante quase todos eles. Tanto que está dando um baile nos biólogos que tentam acompanhá-la no céu. Eles chegam a pensar que essa ave praticamente não pousa, depois que sai do ninho. Parte da história é conhecida. Logo após a primeira refeição, na região dos Pirinéus, na França, os filhotes partem para o Deserto do Saara, na África, onde passam o inverno. E aí começam as dúvidas. Há dois anos, biólogos suíços estudam o comportamento das gaivotas-negras. Verificaram que elas se alimentam de insetos, em pleno vôo. Mas não conseguiram ver nenhuma delas descansando, em algum oásis ou na própria areia do deserto. Nem mesmo na Europa, para onde voltam na época de procriar. Este seria o único momento em que descem do céu. Pelo menos até onde alcança a visão dos suíços, cujo trabalho foi divulgado pela revista francesa Sciences et Avenir. Alguns especialistas suspeitam da hipótese dos suíços. “Seria muito extraordinário, pois uma ave migratória que vive nas regiões continentais não fica tanto tempo sem pousar”, diz o ornitólogo Paulo Antas, do Ibama.