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Seu cérebro não resiste a brigadeiro — e a ciência sabe o porquê

A grande questão é ser egoísta e reunir dois nutrientes, ao mesmo tempo, que o cérebro adora: gorduras e carboidratos

Por Ingrid Luisa
18 jun 2018, 16h57
Já começamos este texto pedindo desculpas por esfregar brigadeiros na sua cara assim. (Vergani_Fotografia/iStock)

Não é a toa que o brigadeiro é um dos quitutes típicos do Brasil. Nessa época de Copa do Mundo, nada melhor do que apresentar para um gringo algo que é tão paixão nacional quanto o futebol. Até porque ninguém, de qualquer nacionalidade, resiste a esse montinho de chocolate concentrado. E a causa está nos seus nutrientes.

Quando você estiver na bad e sentir vontade instantânea de comer chocolate, não se culpe. O ser humano é um animal com características cognitivas complexas: para nós, comer é bem mais que apenas uma fonte de energia para o corpo. E um estudo recente, feito na Universidade de Yale, examinou exatamente como nossos cérebros respondem à comida. O resultado comprovou que alimentos ricos em carboidratos e gorduras desencadeiam uma quantidade gigante de reações no centro de recompensa do cérebro — bem mais que outros alimentos. Mas, de novo: carboidratos E gorduras. Os dois. Para ser irresistível, tem que ser calórico e gorduroso, como nosso bom e velho brigadeiro.

Donut é o brigadeiro dos americanos: eles não resistem a um (virtustudio/iStock)

A psiquiatra Dana Small, uma das líderes da pesquisa, acredita que temos um sistema no cérebro para avaliar alimentos gordurosos e outro para comidas ricas em carboidratos. Se o alimento tiver ambos os nutrientes e ativar os dois sistemas ao mesmo tempo, isso engana o cérebro, que acaba produzindo quase o dobro de dopamina (o mensageiro químico responsável pelo prazer) que deveria. E podemos atestar isso na prática. Arroz é rico em carboidratos, mas não é a coisa mais gostosa do mundo. Torresmo é gordura pura, mas muito gente dispensa. Agora, donuts, chocolate, batata frita… Ricos nos dois, e quase irresistíveis.

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Isso tudo pode ser culpa de Darwin. A pesquisadora acredita que, quando o cérebro humano evoluiu, nossos ancestrais caçadores-coletores mantiveram uma dieta de, basicamente, plantas e carne. Encontrar alimentos ricos em carboidratos e gordura era raríssimo — eles ainda não sabiam como tirar chocolate do cacau, por exemplo. Assim, nosso cérebro se anima quando entra em contato com esses alimentos e libera bastante dopamina.

Também é terrível resistir ao equivalente brasileiro do donut, o famoso sonho (ArianeCantador/iStock)

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores examinaram a atividade cerebral de voluntários mortos de fome. Foram mostradas imagens de alimentos ricos em carboidratos, como doces; ricos em gordura, como queijo; ou rico em ambos, como donuts. Após as varreduras das imagens do cérebro, os voluntários foram convidados a oferecer dinheiro em um leilão para escolher a comida que eles queriam em um lanche.

Analisando os resultados, a equipe comprovou que os alimentos ricos em carboidratos e gorduras provocavam muito mais atividade no corpo estriado do cérebro — região envolvida no sistema de recompensa, que libera a dopamina —, em comparação com alimentos que continham apenas carboidratos ou gordura. Outra descoberta é que os participantes estavam muito dispostos a pagar mais pelos quitutes ricos em carboidratos e gordura, apesar de todos as comidas terem o mesmo poder em calorias. Agora entendemos porque gastamos 12 reais em um brigadeiro gourmet.

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