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Seus lugares favoritos são guardados em um lugar especial do cérebro

Divertida Mente acertou: algumas memórias especiais têm um cantinho próprio, fisicamente separado das nossas lembranças do dia-a-dia.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 4 nov 2016, 19h15 - Publicado em 8 jul 2016, 18h00

Feche os olhos: você consegue se lembrar do corredor da última loja em que esteve? E da casa em que você passou a infância? É muito mais provável que você recorde a cor dos tijolos e do portão de onde morou há anos e tenha lembranças mais genéricas do mercado de ontem. Tudo culpa do seu cérebro: uma nova pesquisa descobriu que lugares especiais ficam armazenados de um jeito diferente na memória.

Para começar, sua cabeça funciona como um GPS. O hipocampo, área cerebral onde ficam as memórias, é cheio de células de localização, que nos ajudam a perceber o ambiente onde estamos e conseguir planejar caminhos e ir de um lugar a outro. Elas processam e armazenam as informações de onde você está. Até aí, nada de novo.

O que os cientistas descobriram é que seu GPS interno é emotivo: ele guarda os lugares mais importantes para você em uma camada mais profunda do hipocampo – de certa forma, a coisa funciona como as “memórias base” que aparecem no filme Divertida Mente e ajudam a moldar a personalidade e a vida de Riley.

Divertida Mente Memórias base

Os cientistas da Universidade Columbia chegaram a essa conclusão estudando ratos – que, como mamíferos, têm mecanismos similares aos nossos no hipocampo. No experimento, a atividade cerebral dos animais era acompanhada enquanto eles andavam caminhavam.

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Para o teste, os pesquisadores construíram uma esteira especial, feita de seis tipos de superfície: tecido de pom-pom, fita isolante colorida e laços de seda. Enquanto andavam na esteira, os ratinhos podiam lamber um sensor que liberava água.

Na primeira rodada, a água era liberada de forma aleatória. Já na segunda rodada, o sensor só era ativado quando os ratinhos passavam por uma das seis superfícies. Assim, os ratinhos aprenderam a coordenar as lambidas no sensor com o lugar especial que sempre lhes trazia água.

Nos dois casos, os bichos desenvolviam um “mapa” mental dos diferentes trechos da esteira, localizado na região CA1 do hipocampo. No primeiro teste, esse mapa era processado na parte mais superficial da CA1. Já na segunda etapa, o “lugar especial” da esteira era armazenado em uma camada mais profunda do cérebro.

A conclusão dos cientistas é que, no hipocampo dos mamíferos, a área superficial da CA1 serve para gerar uma impressão genérica dos ambientes por onde passamos. Já as informações armazenadas lá no fundo são as que têm algum contexto emocional – e é por isso que você lembra daquela praia das férias e da cozinha da sua vó como se elas estivessem gravadas em Ultra-HD na sua cabeça.

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