A circulação sanguínea se altera na falta de gravidade? Há outras mudanças fisiológicas?
Não existem ambientes sem gravidade. O que acontece no espaço é que essa força é anulada pela alta velocidade das naves (em média, 27 000 quilômetros por hora). Para começar, o coração trabalha melhor. “Normalmente, ele empurra 70 centímetros cúbicos de sangue para a circulação”, diz o fisiologista Maurício Rocha e Silva, do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo. No espaço, o músculo precisa de 5% menos força para fazer a mesma coisa, pois a falta de gravidade diminui a compressão das artérias, que se dilatam.
Outros órgãos são afetados. Os músculos afrouxam, já que não são convocados a fazer força. Se a estada for longa, correm até o risco de se atrofiar. Os ossos tornam-se mais fracos, porque precisam da gravidade para fixar o cálcio que “tampa” seus poros. O sistema digestivo enlouquece. Para evitar indisposições, os astronautas treinam em aviões: sobem, desligam os motores e descem em queda livre. No mergulho, qualquer refeição engolida volta. A repetição da manobra acostuma o viajante às dificuldades do espaço. Haja estômago.
De papo para o ar
O coração do astronauta no espaço funciona como se ele estivesse em repouso.
Mais sangue
As artérias se dilatam, diminuindo a pressão sanguínea. Para compensar, o organismo produz 5% mais de sangue.
Boa viagem
Na Terra, as veias têm que bombear o sangue pernas acima, de volta para o coração. Sem gravidade, o líquido viaja com facilidade.
Pegando leve
Como a força que o coração faz é proporcional ao esforço que o astronauta realiza, ele bate mais fraco.