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Surpresas subterrâneas

As cavernas brasileiras escondem milhares de esculturas naturais - um mundo deslumbrante que ainda está para ser totalmente descoberto

Por Rafael Kenski
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 30 abr 2001, 22h00

Pingentes delicados

Com vocês, o chamado Salão dos Discos, da Caverna Santana, no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, em São Paulo. As estruturas que pendem do teto são tão frágeis que podem esfarelar com o simples toque de um dedo. Por isso mesmo, o acesso a alguns trechos é tão controlado que as expedições precisam ser agendadas com dois anos de antecedência.

Pesquisa profunda

A Gruta de Sobradinho, em São Tomé das Letras, MG, tem 200 metros de corredores que terminam em uma majestosa piscina natural. Atrações como essa são encontradas em muitas das mais de 2 700 cavernas registradas no Brasil. Mas, para os estudiosos, esse número não representa mais que 5% a 10% do total. As explorações não param: nos últimos 15 anos, o país descobriu, em média, 100 novas grutas a cada ano.

Água mole em pedra dura

A maioria das cavernas é formada pela reação química entre a água e a rocha. Tudo começa com as chuvas coletando gás carbônico da atmosfera e do solo. Em contato com a água, o gás forma um ácido capaz de dissolver até pedras impermeáveis e extremamente resistentes à erosão. Esse processo, associado à ação de rios subterrâneos, vai abrindo fendas no solo e, em centenas de milhares de anos, acaba esculpindo imensas galerias. Foi essa corrosão que criou o belo relevo rochoso à direita, na Gruta do Janelão, em Januária, MG. A mesma decomposição geológica gera sais, como o carbonato de cálcio, que são transportados e depositados em outras regiões. Eles, então, dão origem a novas pedras, como as vistas acima, na Caverna do Diabo, em Eldorado Paulista, SP. Essas pedras formam estalactites, quando descem do teto, e estalagmites, quando se erguem do chão.

Surpresa à francesa

A Gruta Torrinha, em Iraquara, na Bahia, foi descoberta em 1850 e até 1992 acreditava-se que ela tinha apenas 600 metros de extensão. Nesse ano, uma exploradora francesa descobriu uma passagem entre duas pedras – por ela a gruta continuava por mais 8 quilômetros, transformando-a na 13ª maior cavidade do país em extensão. A maior caverna brasileira, a Toca da Boa Vista, fica 300 quilômetros ao norte e se alonga por impressionantes 71 quilômetros.

Atração turística

A Gruta de Maquiné, em Cordisburgo, MG, era uma mina de salitre (uma das matérias-primas da pólvora) até 1834. Foi quando o dinamarquês Peter Lund encontrou nela pinturas rupestres, ossadas e esculturas naturais. “Nunca meus olhos viram nada mais belo e magnífico nos domínios da natureza e da arte”, afirmou o explorador. Em 1908, a gruta tornou-se a primeira do país a ser explorada turisticamente. Hoje, mais de 50 cavernas têm infra-estrutura para receber visitantes.

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Homens das cavernas

Pontes naturais, rios subterrâneos, torres, paredões com 100 metros de altura e um canyon com mais de 17 quilômetros são as atrações do Vale do Rio Peruaçu, no norte de Minas Gerais. Além das formações naturais, existem lá quase 100 sítios arqueológicos com vestígios humanos de 10 000 anos de idade, a maior parte encontrada nas mais de 150 cavernas da região. É uma prova de que os primeiros brasileiros já se maravilhavam com formações como esta, da Caverna do Carlúcio, em Itacarambi.

Na companhia dos morcegos

Atravessar a Caverna do Diabo, em São Paulo – onde estão estas estalagmites – exige superar diversos obstáculos num percurso de 12 horas, parte dele com água até o pescoço. É uma amostra da dificuldade que os espeleólogos (estudiosos de cavernas) enfrentam. Em suas expedições, eles escalam paredões, descem despenhadeiros sem saber onde vão pousar, mergulham em águas escuras, se esgueiram por fendas estreitíssimas e passam semanas sem ver a luz do Sol.

* Autor do livro Monumentos Geológicos, Luminatti Editora

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