Marcelo Bortoloti
Para a maior parte da comunidade científica, prever terremotos é uma atividade com o mesmo grau de exatidão da de uma cartomante. Por isso, o geofísico Vladimir Keilis-Borok, da Universidade da Califórnia, tem feito tanto barulho. Ele afirma que descobriu a fórmula para prever terremotos que estão prestes a acontecer. E garante: até 5 de setembro, um abalo de 6,4 graus vai chacoalhar o sul dos Estados Unidos.
No ano passado, a equipe de Keilis-Borok acertou a previsão de um tremor no centro da Califórnia e de um terremoto de 8,1 graus na ilha de Hokkaido, no Japão. Um feito, já que, em geral, apenas as previsões de longo prazo, que indicam genericamente o ano do abalo, conseguem algum êxito. Antes, a última predição acertada tinha sido em 1975 na China, quando até as mudanças no biorritmo dos animais foram levadas em consideração.
“O anúncio de Keilis-Borok é interessante do ponto de vista teórico, mas não tem muita utilidade prática”, diz Vasile Marza, da Universidade de Brasília. Isso porque a previsão é pouco precisa quanto ao local do terremoto (ele pode ocorrer em qualquer ponto numa área de 31 mil km2) e tentar evacuar uma área como essa por causa de um alarme falso pode causar enormes estragos.
Sai de baixo
Decore a classificação de tremores da Escala Richter
3 a 3,9
São percebidos pelos humanos mas não causam danos materiais
Freqüência mundial: 50 mil por ano
4 a 4,9
Têm maior intensidade e, eventualmente, provocam estragos em carros e vidros
Freqüência mundial: 8 mil por ano
5 a 5,9
Causam danos em construções sólidas. Podem provocar rachaduras
Freqüência mundial: 1 500 por ano
6 a 6,9
Causam estragos em um raio de 100 quilômetros. Destroem pontes e estradas
Freqüência mundial: 150 por ano
7 a 7,9
São dez vezes mais fortes que os terremotos de magnitude 6
Freqüência mundial: 20 por ano
8 em diante
São catastróficos. Destroem cidades inteiras e causam milhares de mortes
Freqüência mundial: um a cada oito meses