Vai passar
Mesmo vital para o organismo, a dor pode ser combatida. Cada dia que passa, a medicina descobre mais pistas para neutralizar essa vilã dos consultórios.
Médico bom, segundo o dito popular, é aquele que alivia rápido a dor de quem sofre. Já é consenso entre médicos e pacientes que sentir dor não deve ser considerado normal e que o desafio é conseguir meios eficientes de combater o incômodo.
Graças aos avanços dos equipamentos de ressonância, que permitem uma visualização cada vez mais perfeita do cérebro, e às pesquisas genéticas, os cientistas estão conseguindo detalhar os mecanismos da dor até o nível molecular. A precisão está impressionante: recentemente, na Universidade de Michigan (Estados Unidos), aparelhos de tomografia de última geração apontaram a relação entre a intensidade de dor que voluntários sentiam e a resposta direta de seus cérebros. No campo genético, pesquisadores da Universidade de Toronto (Canadá) conseguiram “fabricar” ratos menos sensíveis à dor mexendo em seus genes. Baseados nessa experiência, cientistas acreditam que, num futuro próximo, as drogas poderão ser individuais. Significa que vai haver uma aspirina certeira para cada pessoa. “Daqui a uns dez anos, seu médico vai poder examinar seu mapa genético e prescrever uma droga que vai agir só no seu problema”, afirma Christian Stohler, da Universidade de Michigan.
É bom lembrar que, por pior que possa ser, ninguém vai poder exterminar de vez a dor do ser humano. Ela é vital. Quem nasce sem sentir dor – isso é uma doença congênita – dificilmente passa do segundo ano de vida. A detestável sensação funciona como um dispositivo do organismo gritando que existe uma ameaça à nossa saúde. O que se espera é conseguir diminuir o volume desse alarme.
O caminho da dor
Em uma fração de segundo, estímulos percorrem a medula espinhal e chegam ao cérebro
1. O corpo humano é dotado de nervos receptores que coletam informações sobre calor intenso, pressão elevada, feridas, cortes ou qualquer outra coisa que cause danos corporais
2. Nervos periféricos levam os estímulos, em forma de corrente elétrica, até o sistema nervoso central. Geralmente, é na medula espinhal que a intensidade da dor aumenta ou diminui. Tudo por causa de dois tipos de fibras nervosas: os nervos A-delta, responsáveis pela dor aguda, e os nervos C, pela dor crônica
3. Os impulsos da dor são encaminhados para o cérebro, que localiza a região afetada. Ele envia um sinal de alarme para o local, que se traduz em uma rápida resposta – se for uma chama queimando o braço, por exemplo, a reação é afastarmos o braço do fogo. Em seguida, o cérebro libera outras mensagens para acalmar ou alertar ainda mais o corpo