Vespas têm péssima reputação. Até as abelhas, cuja picada é igualmente dolorida, são mais queridas – afinal, fazem mel e até que são fofinhas.
Mas uma nova descoberta científica revelou que temos sido injustos com as vespas.
Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram que o veneno de vespa tem o poder de atacar células cancerosas sem atingir células saudáveis. A pesquisa foi realizada em parceria com a University of Leeds.
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A toxina responsável chama-se Polybia-MP1, e é produzida pela vespa Polybia paulista – a famosa “paulistinha”.
O estudo, publicado no começo do mês no periódico Biophysical Journal , descreve como o MP1 reage com moléculas de gordura que existem apenas na membrana das células cancerosas.
Assim, a toxina abre furos nas células, tornando-as mais permeáveis. De acordo com João Ruggiero Neto, da Unesp, co-autor da pesquisa, esses buracos levam “apenas segundos” para se formarem, e permitem que moléculas como RNA e outras proteínas escapem da célula, inutilizando-a.
Testes já demonstraram que a toxina pode inibir o crescimento de células de câncer de próstata, de bexiga e de leucemia, que se mostraram resistentes a uma série de outros tratamentos.
A descoberta é especialmente excitante porque pode dar início a uma classe inteiramente nova de tratamento anticâncer.
Agora, os pesquisadores devem continuar investigando as propriedades do veneno para que ele finalmente possa ser utilizado para fins terapêuticos.
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