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Vírus: Pragas globalizadas

Os avanços tecnológicos das últimas décadas trouxeram na bagagem a ameaça dos supervírus.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h52 - Publicado em 31 jul 1999, 22h00

Débora Lerrer e Claudio Angelo

Os vírus são os responsáveis pelas chamadas doenças emergentes ou reemergentes. Nada a ver com as dondocas das colunas sociais. Trata-se de micróbios selvagens que começaram a infectar seres humanos nas últimas décadas ou ressurgiram recentemente depois de terem sido dados como desaparecidos. Na turma estão matadores como o ebola, o hantavírus americano e o marburg.

Só os estragos que eles fazem no organismo já bastariam para deixar os cientistas loucos. Mas o problema maior é que, nos últimos cinqüenta anos, o desenvolvimento urbano, o comércio intercontinental e as viagens aéreas deixaram o mundo muito interligado e vulnerável a essas pragas. “No ano passado, um rapaz trouxe da Nicarágua para o Brasil um tipo de dengue que até então não existia aqui”, diz a virologista Luisa Madia de Souza, do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.

Para Clarence Peters, do Centro de Controle de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos, um dos maiores especialistas mundiais em supervírus, a tendência é que surjam mais micróbios mortais. A culpa, para variar, é da destruição do meio ambiente. “Quando você acaba com uma selva tropical, os parasitas que moravam ali vão parar no seu jardim”, disse o cientista à SUPER. “Algumas vezes brotam ervas daninhas. Outras, aparecem vírus.”

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As asas da tragédia

Dois dos vírus reemergentes mais perigosos do mundo – o da dengue e o da febre amarela – são transmitidos pelo mesmo inseto, o Aedes aegypti. A dengue atinge 50 milhões de pessoas anualmente – 530 000 no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Sumida desde o começo do século, ressurgiu na Ásia depois da II Guerra Mundial e chegou por aqui em 1981. A febre amarela, que dizimou centenas de milhares de indivíduos nas duas Américas no início do século, havia sido erradicada, mas voltou ao país nos anos 70. “Esse vírus já mostrou a que veio no passado. Apesar de haver vacina, uma pandemia hoje seria um desastre”, diz o virologista americano Clarence Peters. “O mosquito se adaptou bem às cidades. Virou uma ameaça que precisa ser eliminada.”

A gangue dos micróbios

Malfeitores tropicais lideram a quadrilha.

Ebola

 

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Quando os cientistas falam que um vírus é quente, significa que é altamente infeccioso e letal. Pois este africano é o micróbio mais ardente que se conhece. Ele mata 90% dos infectados, numa febre hemorrágica fulminante. Destrói artérias e veias, fazendo o paciente sangrar até morrer. A mais recente epidemia estourou no Gabão, no ano passado. Dos sessenta doentes, 45 não sobreviveram.

Febre do Vale Rift

É um arbovírus, ou seja, é transmitido por inseto. Começou a atacar no Vale Rift, no leste da África, e já chegou à Mauritânia, no noroeste. A contaminação também pode se dar pela carne e pelo leite de gado infectado. Em sua forma branda, o doente se recupera em sete dias. Mas a doença pode progredir para a febre hemorrágica e a morte.

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Hantavírus

Descoberto na região de Hantaan, na Coréia, é um dos supervírus que mais se espalham no mundo. Transmitido por cocô de rato, pode provocar febre hemorrágica ou uma doença pulmonar aguda com até 60% de letalidade. Desde 1993, quando foi encontrado um novo tipo de hantavírus nos Estados Unidos, a América do Sul tem sido um de seus alvos favoritos – o Brasil já teve dezessete casos. Este ano, 161 argentinos já foram infectados.

Lassa

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Também africano, é transmitido para os seres humanos pelas fezes de um rato silvestre. Aproximadamente 15% dos doentes não resistem, depois de passar pelo horror de uma febre hemorrágica. A epidemia mais recente ocorreu em Serra Leoa entre 1996 e 1997. Foram 823 infectados e 153 mortes.

 

Sabiá

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Vírus brasileiro, também causa febre hemorrágica. Em1990, matou uma agrônoma que havia se infectado no condomínio Sabiá, em Cotia, região metropolitana de São Paulo. Daí o nome. Meses depois, um acidente com uma amostra contaminou um cientista nos Estados Unidos. As pesquisas estão suspensas porque não há no país laboratórios seguros o bastante para lidar com ele.

Marburg

É o primo bonzinho do Ebola – o que não significa que seja inofensivo. Ele provoca uma febre hemorrágica raríssima que mata cerca de 25% das vítimas. Africano, chegou à Europa em 1967, num carregamento de macacos usados em pesquisa. Contaminou 31 indivíduos na cidade de Marburgo, na Alemanha. Sete morreram.

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