A “cura gay” e um judiciário que protege o charlatanismo
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Você é destro. Sua igreja, porém, é canhota. Pior: acha que todo mundo com a mão direita dominante tem o “diabo no corpo”.
Como você tem fé na sua igreja, não vive bem com o seu destrismo. Quer virar canhoto também.
Então você vai a um psicólogo para tentar resolver isso. Não para conviver melhor com a sua mão direita. Não. O que você quer é extirpar a dominância da mão direita na sua vida. Jamais cometer de novo o impropério de pegar um copo com a mão direita.
Bom, um psicólogo sério tentaria te ajudar mostrando que ser destro é tão natural quanto ser canhoto – ou ambidestro, ou escrever bem com a mão direita e preferir chutar com a esquerda… Enfim: que quem está errado é a sua igreja, seus pais, ou seja lá quem mais esteja te pressionando a agir contra a sua natureza.
Já se o psicólogo topar o “tratamento” para te transformar num canhoto completo, temos um problema. Não interessa se o tal do psicólogo não tem uma placa na porta escrito “cura destra – eficiência 100% comprovada”. Se o sujeito simplesmente topa uma terapia para te tornar canhoto – ou hétero, ou uma girafa – das duas, uma: ou ele está te roubando ou desconhece todo o consenso científico que rege sua prática profissional. Nos dois casos, o que temos não é um psicólogo. É um charlatão medieval. E uma Justiça que protege o charlatanismo não é algo digno desse nome.