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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.

Calma, o recorde da bolsa ainda está longe

Levando em conta a inflação dos últimos 11 anos, o Ibovespa só terá batido o recorde de maio de 2008 quando chegar aos 134 mil pontos. Tem chão ainda.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
18 jan 2019, 12h42

Não faz sentido a imprensa dizer, quase todo santo dia, que “a bolsa bate recorde novamente”. A bolsa fechou ontem em 95 mil pontos. Esse é, de fato, o maior valor nominal. Mas não se trata do maior valor real.

Vamos dizer que você entrou no seu emprego de hoje em 2008, ganhando R$ 5 mil. Aí você foi tendo aumentos por dissídio, um pouco abaixo da inflação, todo ano, e agora o seu salário é de R$ 7.500. Esse é o “salário recorde” da sua vida? Nominalmente é, já que o número 7 é maior que o número 5 (uau, que sacada). Mas em valores reais a história é outra.

Para comprar hoje o que você conseguia comprar em 2008 com R$ 5.000 você precisa de R$ 8.800 – por causa da inflação acumulada nos últimos 11 anos. Logo, seu salário recorde da vida não são os 7 contos de hoje. São os cincão de ontem, que equivalem a quase nove paus de hoje.

Com os pontos da bolsa é a mesma coisa. O pico mais persistente das últimas décadas foi o de maio de 2008: 73,5 mil pontos.

Bom, pontos do Ibovespa não são como pontos do Campeonato Brasileiro. Três pontos de ontem não valem três pontos de hoje. O pessoal calcula o índice com base no valor nominal das ações, sem levar em conta a inflação.

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Começou em 1968. Pegaram o valor em cruzeiros de cada uma das ações negociadas ali e atribuíram o valor de 100. Não 100 cruzeiros ou 100 dólares. Só o número 100 mesmo. Se no dia seguinte o valor somado de todas as ações tivesse subido 1%, o Ibovespa seria de 101 pontos.

Entre 1968 e 1994, a inflação foi de 373 trilhões por cento. Não é figura de linguagem, foram realmente 373.000.000.000.000%, de acordo com o IGP-DI.

Nisso, o valor nominal do Ibovespa ia subindo igual o valor nominal do pão na chapa: pulava de 100 para 400 para mil para 20 mil. O pessoal que calculava índice, então, anunciava um corte de zeros de tempos em tempos, do mesmo jeito que o governo fazia com a moeda. Aquilo que custava mil passava a custar 1. E mil pontos do Ibovespa viravam 1 ponto.

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De 1994 para cá as coisas ficaram mais calmas. A hiperinflação deixou de existir, os cortes de zeros cessaram. E o Ibovespa também deixou de ser corrigido pela inflação. Normal.

Mas ainda existe um pouco de inflação, como em qualquer economia do mundo. E, levando ela em conta, os 73,5 mil pontos de maio de 2008 equivalem a 134 mil pontos de hoje.

Esse é, portanto, o recorde real do Ibovespa: 134 mil pontos. Estamos em 95 mil agora. Minha previsão: você vai passar mais uns bons meses, ou anos, lendo que “a bolsa bateu seu recorde histórico” a cada 0,5% de subida sem que isso tenha acontecido de fato. Faltam 40%.

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