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Alexandre Versignassi

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.

Carta aberta aos Estados Unidos

Muitos cidadãos americanos vão achar essa minha conclusão ofensiva, mas aí vai: o problema é você, gringo. Sim, você mesmo. O problema é a sua cultura. São as crenças e a mentalidade que fazem parte da fundação do seu país. O problema é tudo aquilo que você e todo mundo a sua volta decidiu aceitar […]

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 set 2024, 11h31 - Publicado em 17 fev 2016, 14h18

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Muitos cidadãos americanos vão achar essa minha conclusão ofensiva, mas aí vai: o problema é você, gringo.

Sim, você mesmo. O problema é a sua cultura. São as crenças e a mentalidade que fazem parte da fundação do seu país. O problema é tudo aquilo que você e todo mundo a sua volta decidiu aceitar como parte de “ser americano” mesmo que isso não esteja certo.

O problema é que muitos focam grande parte da sua energia em vaidade em vez de produtividade. Vocês criaram a porcaria da crise de 2008, que daqui a pouco já vai fazer 10 anos e o mundo ainda não superou. Crise fundamentada em sua vaidade. Vocês não tinham recursos para possuir dois, três imóveis. Vocês transformaram suas residências em fonte de renda, refinanciando suas hipotecas e somando dívidas impagáveis, que travam o crescimento do seu país até agora.

Eu, como brasileiro, acho difícil não enxergar tudo isso como uma forma de auto-sabotagem. Mas vocês parecem viciados nisso. Essa mesma vaidade que criou a maior crise desde a Grande Depressão (outro presente de vocês…) faz do seu país o único no mundo onde armas são itens de consumo triviais. O único lugar do planeta onde uma mesma prateleira do Wall Mart vende bolas de basquete e munição de carabina, já que ambos são considerados como “itens esportivos”.

Mas muitos de vocês dizem que tal fascínio por armas é mera manifestação do “american way” – e quem agradece são os cartéis mexicanos, grandes clientes das armas que vocês fabricam em nome do orgulho nacional, confundindo liberdade individual por direito de matar.

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Pior: quando dá merda, seja na segurança pública, seja na economia, vocês colocam a culpa em negros e latinos. Mas era de se esperar, já que ser racista, para muitos de vocês, é parte de “ser americano”. Vocês acham até bonitinha a ideia de ter “bairros negros”, “seriados para negros”, “sabonete para negros”. Gringo, velho, o nome disso é apartheid. Acorda.

Vocês também cometem o erro de valorizar mais os músculos que o cérebro. Metade dos candidatos a Ph.D. nos EUA são estrangeiros. Em algumas áreas, 100%. Vocês garantem bolsas de estudos a trogloditas dispostos a passar a vida quebrando crânios em arenas de futebol americano, enquanto os verdadeiros talentos continuam sendo vistos como outsiders, nerds, otários. E se esses nerds otários não nasceram em berço de platina, jamais verão os portões de uma universidade de primeira linha – essas, sempre de braços abertos a qualquer estrupício com carteira cheia e sobrenome bacana. Triste. Mas vocês, orgulhosos sabe-se lá de que, entendem isso como tão “american way” quanto a receita de uma bela torta de maçã.

Se vocês querem voltar a progredir, gringos, então, esse “american way” precisa morrer. Essa vaidade, essa mania de dizer que os EUA sempre foram assim e não tem outro jeito também precisa morrer. De outra forma vocês serão engolidos por China, Índia e quem mais vier.

Você tem uma característica rara e especial, Estados Unidos. Uma capacidade ímpar de extrair progresso e cultura a partir da competição saudável. Foi isso que me atraiu em você e que me faz sempre voltar à suas terras. Eu só espero que um dia essa força produtiva tenha a sociedade que merece. Seu amigo, Alexandre.

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Este texto é uma paródia da Carta Aberta ao Brasil, que viralizou recentememte.  O objetivo aqui é mostrar que a o individualismo e a vaidade exacerbada não são vícios inerentes “ao Brasil”, como diz o texto original, ou “aos Estados Unidos”, como provoca este post. Tratam-se de problemas da humanidade, que geram problemas em todas as culturas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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