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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Covid-19: falta de segunda dose é mais um exemplo de descaso

Para a saúde pública, não faz sentido deixar gente sem a dose número dois para ampliar a quantidade de pessoas que receberam a dose número um.

Por Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 Maio 2021, 12h03 - Publicado em 21 Maio 2021, 12h03

Enquanto este texto era escrito, no início de maio, milhares de brasileiros esperavam pela segunda dose da CoronaVac havia mais de um mês – quando o indicado é que a aplicação aconteça em até 28 dias. Enquanto algumas regiões penavam com o fim de seus estoques, e não conseguiam completar a segunda etapa da vacinação, outras seguiam aplicando normalmente a primeira.

Foi mais um exemplo de desgoverno na esfera federal. A aplicação de primeiras doses, no caso da CoronaVac, é um dado meramente contábil. Só existe uma imunização minimamente satisfatória após a segunda picada. Para a saúde pública, portanto, não faz sentido deixar gente sem a dose número dois para ampliar a quantidade de pessoas que receberam a dose número um.

Mesmo assim, o ex-ministro Pazuello ordenou, no dia 19 de fevereiro, que todas as cidades do país usassem suas reservas de segunda dose. Em suas palavras: “Com a liberação para aplicação de imediato de todo o estoque de vacinas guardadas nas secretarias municipais, vamos conseguir dobrar a aplicação”.

Quatro dias depois, o Ministério da Saúde soltou uma nota voltando atrás. Desta vez diziam o óbvio – que, sim, era preciso guardar as segundas doses. Assunto resolvido? Não. Em 20 de março, três dias antes de Pazuello deixar o cargo, o Ministério voltou a determinar o uso dos estoques de segunda dose para a aplicação da primeira. Novos lotes de vacina, dizia a nota, supririam a falta lá na frente. Mas o tempo passou e os lotes não vieram na quantidade necessária. Começou a faltar vacina para a finalização dos tratamentos.

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Cabia, então, ao governo federal organizar um esforço de remanejamento de vacinas para suprir as regiões que estavam sem segunda dose, e sem perspectiva de receber novas remessas. Nada fizeram. Marcelo Queiroga, o novo ministro da Saúde, culpou as determinações desastradas da gestão Pazuello, e ficou por isso mesmo.

Para piorar, o chefe de Queiroga seguiu provocando a China, fornecedora da matéria-prima para a CoronaVac e a vacina da AstraZeneca. Como se estivesse em um churrasco de conspiracionistas, disse que o vírus poderia ter sido criado em laboratório e ser parte de uma “guerra bacteriológica”. Encerrou com uma pergunta retórica: “Qual país que mais cresceu seu PIB?”.

Horas mais tarde, Bolsonaro tentou esquivar-se. “Falei a palavra China hoje de manhã? Eu não falei.” Mas imediatamente voltou ao ataque. “Vocês da imprensa não falam onde nasceu o vírus. Falem. Ou estão temendo alguma coisa? Falem.”

Sim, presidente. O vírus nasceu na China. Tal como a variante P1, mais devastadora, nasceu no Brasil. E nem por isso o senhor é acusado de tê-la criado em laboratório, em nome de algum interesse lunático. Agir de forma antidiplomática com um país que pode, numa canetada, deixar o Brasil sem insumos é, sim, uma bela amostra de irresponsabilidade com a saúde pública. Mais uma.

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