Maconha: proibir piora a segurança; legalizar melhora a saúde
Daria uma manchete boa pro Sensacionalista. Tipo: “Alexandre de Moraes promete enxugar todos os cubos de gelo do continente. ‘Até o fim da minha gestão, eles estarão mais secos que biscoito Globo’, afirma. Contextualizando: o ministro da Justiça disse que pretende “erradicar a maconha na América do Sul“. Certo. Mas vai ter que ser só […]
Daria uma manchete boa pro Sensacionalista. Tipo: “Alexandre de Moraes promete enxugar todos os cubos de gelo do continente. ‘Até o fim da minha gestão, eles estarão mais secos que biscoito Globo’, afirma.
Contextualizando: o ministro da Justiça disse que pretende “erradicar a maconha na América do Sul“.
Certo. Mas vai ter que ser só na do Sul mesmo, porque na do Norte maconha já gera emprego, imposto e, sim, melhorias na saúde pública – que o diga quem sofre de glaucoma ou as crianças epiléticas que passaram a convulsionar menos depois de tratadas com canabidiol, um extrato da maconha.
O ministro defende seu ponto atirando contra o tráfico. Ok. Não existe alvo melhor que o crime organizado. Mas falta combinar com a realidade: desde os anos 70 a maconha representa tanto lucro para os traficantes quanto os royalties sobre a venda de carrinhos em miniatura representam para a indústria automobilística.
O dinheiro grosso do crime organizado vem da cocaína – droga que Reagan tentou erradicar de sua parte do continente, numa política que só fez multiplicar por dez o lucro dos traficantes, e tornar os pontos de venda do pó branco (e de sua versão fumável, o crack) em algo tão onipresente nas grandes cidades quanto as lojas do Subway.
Voltando à maconha. Existe um jeito fácil e rápido de erradicar o tráfico da planta: legalizá-la.
O resto é enxugar gelo.