O verdadeiro pelo no ovo do caso da mãe PM
Kátia Sastre, há 20 anos na PM, mostrou que sabe agir de forma exemplar e, ainda assim, ocupa uma patente baixa. Por que? Talvez por ser mulher e mãe.
A atitute de Kátia Sastre, cabo da PM, foi uma aula de técnica e sangue frio que pode ter salvado vidas. Ponto.
Quando um humanista vai procurar pelo em ovo nessa reação, por bem-intencionado que esteja, não faz mais do que dar combustível para quem divide a sociedade entre “bandidos” e “cidadãos de bem” – e que entende qualquer um de chinelo como “bandido” e qualquer um de Honda HRV como “cidadão de bem”.
Óbvio que era menos arriscado balear o sujeito à queima roupa do que deixar as vidas de todos nas mãos do eventual bom senso do assaltante. Tão óbvio que, de fato, são poucos os que estão se aproveitando desse caso para escarrar regra.
Até porque a única característica do caso que deveria entrar para o debate leigo, no fim, é: como é que uma policial tão bem preparada, com 42 anos de idade e 20 anos de Polícia Militar, não tem uma patente maior que a de cabo? As imagens não bastam para responder.
Mas, diante do que vemos acontecer em qualquer instituição, pública ou privada, existe uma explicação possível para a patente baixa: o fato de ela ser mulher, e mãe. E a ironia de a cabo Kátia Sastre ter dado tamanha amostra de competência profissional justamente enquanto cumpria uma rotina de mãe é o longo e grosso pelo nesse ovo.