Quem mora na zona norte vive mais – não importa a cidade
É. Vive mais, sim. E isso vale para qualquer cidade do Hemisfério Sul. Motivo: a Terra gira a velocidades diferentes. Quanto mais perto da Linha do Equador, mais quilômetros por hora. Natural, já que o planeta é mais gordo no meio, e vai emagrecendo conforme você caminha até os polos. O diâmetro da circunferência diminui […]
É. Vive mais, sim. E isso vale para qualquer cidade do Hemisfério Sul. Motivo: a Terra gira a velocidades diferentes. Quanto mais perto da Linha do Equador, mais quilômetros por hora. Natural, já que o planeta é mais gordo no meio, e vai emagrecendo conforme você caminha até os polos.
O diâmetro da circunferência diminui paulatinamente, mas o tempo que cada pedaço leva para dar uma volta completa é o mesmo: 23 horas e 56 minutos.
Bom, como o tempo é o mesmo e a distância varia, cada latitude da Terra gira numa velocidade particular. E a mais veloz é a latitude zero, o ponto em que o planeta é mais obeso. Se você mora na Avenida Equatorial, em Macapá, bem em cima da Linha do Equador, já pode se considerar um Ayrton Senna rotacional: você vive a 1.669 km/h.
E se você, macapaense, tirar férias na Patagônia, vai dar uma senhora freada. Os argentinos lá de baixo vivem quase 700 km/h mais devagar: são só 978 km/h.
Mesmo quando as distâncias são curtas, a diferença na velocidade continua bem mensurável. Tipo: um paulistano que more na Avenida Braz Leme, na zona norte, está neste momento a 1.536,1 km/h. Um de Interlagos, na sul, vive a 1.535,7 km/h. No Leblon, o mundo gira a 1546,4 km/h; em Duque de Caxias, mais ao norte, a 1546,6 km/h.
E quem mora em Duque de Caxias vive mais. Quem diz isso não sou eu, mas o protagonista do último post, nosso amigo Einstein. Quanto maior for a sua velocidade em relação aos outros, mais devagar você envelhece. Então pronto: quem mora na zona norte de qualquer cidade vive algumas frações de segundo a mais do que quem mora na zona sul. É uma lei da física.
E se você quiser saber a velocidade em que está agora, é só usar esta inédita (e terrivelmente inútil) tabela com as velocidades de todas as capitais do Brasil!
Vai aqui, da mais lenta para a mais lépida:
Porto Alegre: 1446 km/h
Florianópolis: 1486 km/h
Curitiba: 1512 km/h
São Paulo: 1535 km/h
Rio: 1546 km/h
Vitória: 1567 km/h
Belo Horizonte: 1577 km/h
Goiânia: 1604 km/h
Campo Grande: 1604 km/h
Brasília: 1611 km/h
Cuiabá: 1611 km/h
Salvador: 1631 km/h
Aracaju: 1643 km/h
Palmas: 1643 km/h
Rio Branco: 1648 km/h
Maceió: 1648 km/h
Recife: 1652 km/h
Porto Velho: 1652 km/h
João Pessoa: 1657 km/h
Natal: 1662 km/h
Teresina: 1663 km/h
Manaus: 1667 km/h
Fortaleza: 1667 km/h
Boa Vista: 1667 km/h
São Luís: 1667 km/h
Belém: 1668 km/h
Macapá: 1669 km/h
Passou de Macapá, a coisa fica de ponta-cabeça, lógico: quanto mais ao norte você for, menor vai ser a velocidade. Então Boa Vista, que fica no Hemisfério Norte, tem a mesma velocidade de Fortaleza. E o glorioso Oiapoque gira mais devagar que Macapá.
E é na ZN do mundo, aliás, que fica a cidade mais lenta de todas: Longyearbyen, na Noruega. Ela gira a 346 km/h – um quinto da velocidade SP… Que vergonha, Noruega.
Um adendo: a velocidade de rotação da Terra não é a única que move o seu corpo neste momento. Tem a velocidade com que o planeta faz suas elipses em volta do Sol. E é muita velocidade: 108 mil km/h. Isso mais os mil e tantos da sua cidade e já temos quase 110 mil km/h.
Mas o Sol não está parado, lógico. E carrega o Sistema Solar com ele enquanto gira pela Via Láctea. A 800 mil km/h. Resultado: você está se movendo pela galáxia a 910 mil km/h. Mil vezes mais rápido que um Boeing, basicamente.
E sim, a Via Láctea também corre, levando o Sol, a Terra e você Universo afora. E corre na direção de um aglomerado de galáxias, atraída pela gravidade da coisa, a precisamente 2,16 milhões de km/h.
Pronto: somando tudo, dá para dizer que estamos todos correndo pelo espaço a 3,07 milhões de km/h. Seja você da zona norte ou da sul.
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Crédito da foto do Center Norte: Delma Paz, São Paulo, Creative Commons
Crédito da foto de Longyearbyen: Mateusz War, Creative Commons
Crédito da foto “globo-correndo-em-cima-da-mesa-de-acrílico-da-redação”, futura ganhadora do Pulitzer: Eu, com uma mão da Cristine Kist.