Robson Pandolfi (1987-2018)
Obituário
Os bons velocistas têm mais fibras musculares de contração rápida do que a média. São esses músculos que lhes garantem a explosão necessária para correr 100 metros em menos de 10 segundos. Os bons alpinistas têm mais glóbulos vermelhos do que a média. Esses glóbulos transportam mais oxigênio corpo adentro, e permitem enfrentar melhor o ar rarefeito das montanhas.
Os bons jornalistas também têm uma característica definidora: eles são mais curiosos do que a média. Os glóbulos vermelhos desses profissionais é o apetite incontrolável por novas informações. E é essa peculiaridade que permite aos grandes jornalistas transitar entre várias áreas do conhecimento com
a mesma desenvoltura.
O gaúcho Robson Pandolfi era um desses grandes. Professor universitário, dava aulas de jornalismo literário, relações internacionais e jornalismo de dados na UniRitter, de Porto Alegre. Ao mesmo tempo, fazia mestrado em computação e estudava as aplicações da inteligência artificial no jornalismo.
Robson mostrou essa polivalência aqui na SUPER também. Foi autor e coautor em várias reportagens de capa – “Glúten”, “Os Verdadeiros Donos do Mundo”, “Mitos Alimentares”.
Com sua capacidade de apuração e clareza de raciocínio, ganhou a confiança da redação, e subiu de patamar: passou a ser um dos responsáveis pelo Dossiê SUPER, nossas edições especiais dedicadas a um único tema. Robson e seus sócios da Agência República, a empresa de jornalismo que ele fundou, foram os responsáveis pelos dossiês “Facções Criminosas”, “100 Anos de Revolução Russa” e “Deep Web”.
Em dezembro do ano passado, convidamos o jornalista para ser o autor de um novo livro da SUPER, missão que ele aceitou prontamente, mesmo com sua agenda carregada.
Robson Pandolfi, porém, morreu afogado pouco tempo depois, no dia 6 de janeiro de 2018, enquanto passava as férias com amigos e familiares no litoral do Uruguai. Tinha 31 anos. Nas últimas semanas de 2017, ele nos entregou a apuração de uma reportagem que vamos publicar em breve. Seu nome, então, ainda voltará a aparecer nas páginas da SUPER. E o legado de competência, paixão por desafio e sede de conhecimento que Robson deixou seguirá para sempre entre nós.