Se economia fosse esporte olímpico, o Brasil passaria o maior vexame da história dos Jogos
Eric Moussambani é aquele cara que nadou cachorrinho nas Olimpíadas de Sidney, em 2000. Ele só participou dos Jogos porque seu país, a Guiné Equatorial, tinha ganhado um convite para mandar um nadador. Escolhido, Eric treinou alguns meses na piscininha de um hotel. A primeira vez em que ele viu uma piscina olímpica, de […]
Eric Moussambani é aquele cara que nadou cachorrinho nas Olimpíadas de Sidney, em 2000. Ele só participou dos Jogos porque seu país, a Guiné Equatorial, tinha ganhado um convite para mandar um nadador. Escolhido, Eric treinou alguns meses na piscininha de um hotel. A primeira vez em que ele viu uma piscina olímpica, de 50 metros, foi nos próprios jogos. Na primeira prova, Eric sucumbiu diante daquele latifúndio aquático. Perdeu o fôlego e completou a prova dos 100 metros nadando cachorrinho – o equivalente a se arrastar pela água. Eric entrou para a história, ainda que pela porta dos fundos.
E é basicamente isso que o Brasil está fazendo em outra modalidade. Viramos o Eric Mussambani da economia.
Dos 181 países que a agência de notícias Trading Economics monitora, o nosso está em 174o lugar no ranking de crescimento econômico. Desses 181 países, só 26 estão em recessão. E entre os 26 cujos PIBs encolhem, o Brasil consegue ser o 19o pior colocado. Estamos nadando cachorrinho.
A variação anual do nosso PIB está em -5,4%, o que nos deixa encaixotados entre o Sudão do Sul (-5,3) e Líbia (-6%), dois países em guerra civil. Serra Leoa, Yemen, Omã, Venezuela e a Guiné Equatorial de Eric Musssambini completam essa rabeira da economia mundial.
Conforme o PIB cai, o governo recebe menos impostos, já que sem crescimento, o que aumenta é o desemprego e a falta de confiança no futuro. Sem emprego nem confiança a gente consome menos – e a receita do governo cai.
Sem levantar tantos fundos via impostos, o governo faz cada vez mais dívida para tocar o dia a dia. Essa dívida encerrou o ano passado em R$ 2,763 trilhões, com alta de 21,7% em relação a 2014. O maior nível da história. No clube dos 10 maiores países do mundo, do qual o Brasil ainda faz parte, o crescimento médio das dívidas foi menor do que 5%. Em boa parte dos casos, de 0%. Ou menos – a da Zona do Euro, por exemplo, diminuiu.
Nessa turma, a de quem faz mais dívidas, estamos na companhia nada ilustre de Moçambique, Senegal e Tadjiquistão.
E vale lembrar: enquanto os países que costumam integrar os últimos vagões da economia mundial precisam de convites para participar de Olimpíadas, nós estamos organizando uma. Logo, esse não deveria ser o nosso clube. Mas, se continuarmos nos afogando nesse mar de dívida e recessão, vamos ter de nos acostumar com ele.