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Bruno Garattoni

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

Apple indica que vai mesmo entrar no mercado de TVs. Mas isso não será fácil. Entenda o que está em jogo

Pouco antes de morrer, Steve Jobs revelou seu último projeto: ele queria reinventar a tv. De lá para cá, a expectativa por uma televisão da Apple só cresceu. A SUPER deste mês, inclusive, traz uma reportagem mostrando como a iTV poderá ser (a gente se baseia nas tecnologias que foram patenteadas pela Apple nos últimos […]

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 21 dez 2016, 09h45 - Publicado em 7 dez 2012, 14h02


Pouco antes de morrer, Steve Jobs revelou seu último projeto: ele queria reinventar a tv. De lá para cá, a expectativa por uma televisão da Apple só cresceu. A SUPER deste mês, inclusive, traz uma reportagem mostrando como a iTV poderá ser (a gente se baseia nas tecnologias que foram patenteadas pela Apple nos últimos anos). Vale ler. Até porque, agora, o lançamento parece mais confirmado do que nunca: numa longa entrevista à revista BusinessWeek, publicada ontem, o CEO da Apple Tim Cook diz que a empresa tem “muito interesse”
no mercado de TVs
, pois ele “ficou para trás” tecnologicamente.

É verdade. Compare a experiência que você tem vendo TV e usando um tablet, smartphone ou computador. Os menus, a interface, o jeito de usar o aparelho. Na televisão, tudo isso é bem mais primitivo. A troca de canais é lenta, os mecanismos de descoberta de conteúdo são ruins (ou inexistem), e nem sempre você pode ver o que deseja, na hora em que deseja. Há muito espaço para melhorar. E a Apple é a empresa perfeita para fazer isso – porque conseguiu operar uma revolução similar no mercado de música. Steve Jobs avaliava que o ideal seria lançar uma televisão mesmo, e não apenas uma “caixinha” separada, como a atual AppleTV (porque se o que está em jogo é uma caixinha, boa parte dos consumidores optaria por manter aquela que recebeu da empresa de TV paga). A iTV faz todo o sentido.

Mas há um obstáculo grande: os produtores e distribuidores de conteúdo veem com grandes ressalvas a iniciativa da Apple. Porque, hoje, ela fica com 30% de todo o dinheiro arrecadado na venda de filmes, músicas, livros, apps, games, etc. por meio do iTunes. Se você fosse uma emissora de TV, dificilmente toparia ceder 30% do seu faturamento para a Apple – mesmo que, em troca disso, pudesse oferecer o seu conteúdo numa plataforma sensacional. E se você fosse uma empresa de TV a cabo, também relutaria em embarcar, porque o seu modelo de negócio é muito baseado em vender pacotes de canais, e não em oferecê-los a la carte (coisa que, a julgar pela estrutura do iTunes, a Apple provavelmente irá exigir).

Em suma: a Apple deve mesmo lançar uma televisão. E isso deve acontecer em 2013. Mas, para que o produto seja um sucesso, precisa existir conteúdo disponível para ele. As declarações de Tim Cook são um passo nessa direção, e podem ser interpretadas de duas formas. Ou a Apple já assinou contratos suficientes com emissoras e empresas de TV a cabo, ou está tentando atiçar o interesse do público em torno da iTV – para forçar a execução dos acordos comerciais que irão torná-la viável. A segunda alternativa parece mais provável.

 

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