PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Bruno Garattoni

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

Celular dobrável da Samsung deverá custar R$ 15 mil. Mas não pelos motivos que se imagina

Com tela dobrável de 7,3 polegadas, Galaxy Fold é o smartphone mais caro de todos os tempos. Mas não pelas razões que você imagina

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 set 2024, 09h01 - Publicado em 21 fev 2019, 15h27

Como esperado, a Samsung apresentou ontem seu primeiro smartphone com tela dobrável: o Galaxy Fold. Quando está fechado, o aparelho parece um celular normal, só que um pouco mais gordinho e com uma tela modesta, de 4,6 polegadas. Mas, ao ser aberto, ele se transforma – e revela sua segunda tela, que é dobrável e tem surpreendentes 7,3 polegadas, o tamanho de um tablet pequeno (o iPad mini tem 7,9″). Veja no vídeo abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=7r_UgNcJtzQ

O aparelho impressiona, inclusive pelo preço: nos EUA, o Galaxy Fold irá custar US$ 1.980. Seu valor no Brasil, ou a possível data de lançamento por aqui, ainda não foram divulgados. Mas, a julgar pelo que acontece com os preços de outros smartphones, o Fold deverá alcançar R$ 15 mil.

Quinze. Mil. Reais. Com esse dinheiro, você compra um carro popular 2012, três motos zero km ou três pacotes de férias na Europa. É um caminhão de dinheiro – e faz até os preços dos iPhones parecerem menos chocantes. O valor do Galaxy Fold está completamente fora da realidade, inclusive para o mercado dos EUA. E a Samsung sabe disso. Ela tem conhecimento de que, ao estabelecer US$ 1.980 como preço, não irá vender milhões de unidades do aparelho. Vai vender pouco – e a ideia talvez seja essa mesmo.

Parece absurdo, eu sei. Como uma empresa pode lançar um produto e não querer que seja um sucesso? Acontece que, no caso do celular dobrável, há outras coisas em jogo. A tela do Galaxy Fold é de OLED. Nos últimos anos, essa tecnologia amadureceu muito, e hoje tanto a Samsung quanto a LG alcançam 90% de “rendimento” (yield) nas suas linhas de produção. Isso significa que, de cada 10 telas fabricadas, só uma tem de ser descartada por causa de defeitos.

Continua após a publicidade

Mas nas telas de OLED dobrável, como a do Galaxy Fold, não é assim. Ainda que o custo de produção não seja tão mais alto (Samsung e LG dominam a tecnologia de tela flexível há pelo menos 5 anos), o yield do OLED dobrável tende a ser bem menor, por dois motivos: a produção da tela requer novos processos e, como ela é dobrável, tem de ser muito mais resistente, o que exige um controle de qualidade mais rígido. Isso significa que as fábricas simplesmente não conseguem produzi-la em enorme escala. Se milhões de pessoas quisessem comprar o smartphone dobrável da Samsung, a empresa não teria o que vender. Jogar o preço lá em cima, neste caso, é uma forma de controlar a demanda.

O outro motivo é que, por mais que o Galaxy Fold impressione à primeira vista, é provável que tenha uma série de problemas fundamentais, típicos de um produto de primeira geração. A tela, por exemplo, aparentemente não fica totalmente desdobrada – tem um vinco permanente, bem no meio. A adaptação do Android, para que o sistema consiga utilizar a nova tela de formas inteligentes e eficientes, também deve levar algum tempo (o celular dobrável Flex Pai, lançado em janeiro pela empresa chinesa Royole, é um verdadeiro desastre). Ao cobrar US$ 2.000 pelo Galaxy Fold, a Samsung assegura que ele só será comprado pelos chamados early adopters: pessoas que gostam muito de tecnologia e estão dispostas a tolerar bugs e deficiências.

Ela teria condições de cobrar bem menos, se quisesse. Primeiro, porque OLEDs são relativamente baratos: a tela do iPhone XS Max custa menos de US$ 100 – mesmo se a tela dobrável for muito mais cara, ela dificilmente justificaria, por si só, o preço do Galaxy Fold. Segundo, porque o Flex Pai já é vendido na China por US$ 1.300, muito menos do que o novo Samsung. Se o Galaxy Fold estivesse perto desse patamar, teria chance de vender bem – e a gigante coreana acabaria lucrando muito mais. Mas há obstáculos técnicos que ela não quer, e provavelmente não consegue, enfrentar agora. Quem sabe daqui a um ou dois anos.

O smartphone dobrável da Samsung é uma demonstração tecnológica impressionante, que pode sinalizar um novo caminho para a indústria. Mas, como produto, ainda é meramente aspiracional: serve para encantar as pessoas, reforçar a imagem da marca – e ajudar a vender os Galaxy comuns, sem tela dobrável.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY
Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 10,99/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.