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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

Cientistas detectam coronavírus no ar de lojas, banheiros e até em rua de hospital

Estudo comprova testes de laboratório, e encontra SARS-CoV-2 flutuando em locais públicos na China; pesquisa estima 10 contaminações pelo ar em três mesas do mesmo restaurante

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Atualizado em 5 set 2024, 09h08 - Publicado em 29 abr 2020, 15h01

Estudo comprova testes de laboratório, e encontra SARS-CoV-2 flutuando em locais públicos na China; pesquisa estima 10 contaminações pelo ar em três mesas do mesmo restaurante

Ao longo das últimas semanas, experiências de laboratório constataram que o novo coronavírus pode ser expelido pela fala, é capaz de ficar até 3h em suspensão, e atividades como corrida e caminhada podem espalhá-lo num raio de até 10 metros. Ao contrário do que se acreditava inicialmente, o ar pode ser uma via de contágio importante. Agora, dois estudos deram o próximo passo: um deles encontrou partículas de SARS-CoV-2 flutuando no ar, e o outro demonstrou como o vírus pode ter sido espalhado por um ar-condicionado. 

O primeiro estudo foi realizado em Wuhan e publicado dia 27 pela revista científica Nature. Ele é assinado por 16 cientistas, de várias universidades chinesas, e analisou amostras de ar coletadas em 30 locais da cidade, incluindo dois hospitais (Fangcang e Renmin). O vírus foi detectado em 19 amostras, incluindo os banheiros e vestiários desses hospitais, bem como suas salas de reunião, farmácias, armazéns e corredores. 

Os pesquisadores também testaram uma universidade, um prédio residencial e um supermercado, cujo ar não continha SARS-Cov-2, e duas lojas de departamentos: onde foram encontradas 3 e 11 cópias do vírus, respectivamente, por centímetro cúbico de ar. As áreas comuns dos hospitais, e a parte externa de um deles, continham 5 a 21 fragmentos virais por cm3 de ar. As maiores concentrações foram registradas em dois quartos de UTI, com 31 e 113 partículas virais por cm3 de ar. A ciência ainda não sabe qual é a carga viral necessária para infectar uma pessoa, e se isso varia de um indivíduo para outro. 

O segundo estudo, que também foi realizado por cientistas chineses e publicado no Emerging Infectious Diseases, um jornal científico mantido pelo CDC (Centers for Disease Control, órgão do governo dos EUA), analisou a transmissão do coronavírus em um restaurante em Guangzhou, onde 10 pessoas de 3 famílias teriam sido infectadas. 

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restaurante chinês
Fluxo de ar e posição das mesas em restaurante de GuangzhouGuangzhou, com as 10 pessoas infectadas e as datas em que apresentaram sintomas. (Emerging Infectious Diseases/Reprodução)

A história começa no dia 24 de janeiro, quando a família “A”, vinda de Wuhan, janta nesse restaurante logo após chegar a Guangzhou. Poucas horas depois, uma mulher de 63 anos, da família “A”, apresenta sintomas de Covid-19 e vai para o hospital. Nos 7 a 10 dias seguintes, pessoas das famílias “B” e “C” também desenvolvem a doença. 

Elas estavam sentadas em mesas próximas à família “A” – e essa foi a única situação na qual, sabidamente, foram expostas ao vírus. Por isso, os cientistas acreditam que o contágio tenha ocorrido por microgotículas expelidas pela pessoa da família “A”, que teriam sido espalhadas pelo sistema de ar-condicionado do restaurante.     

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