Governo inglês discute se o bolovo pode ser considerado uma refeição na pandemia
Para reduzir aglomerações, pubs só podem vender álcool a quem consumir uma "refeição completa" - e isso detonou uma curiosa polêmica envolvendo bares e autoridades do país
Para reduzir aglomerações, pubs só podem vender álcool a quem consumir uma “refeição completa” – e isso detonou uma curiosa polêmica envolvendo bares e autoridades do país
Bolovo. Talvez você não saiba, mas essa iguaria de boteco também existe na Inglaterra, onde se chama scotch egg. Nos últimos dias, ele se tornou o centro de uma controvérsia envolvendo a pandemia e os pubs. Algumas regiões do país, onde os casos de Covid-19 estão em níveis mais preocupantes, foram enquadrados no “Nível 3” de restrições, que limita o funcionamento do comércio, restaurantes e bares. E é aí que o bolovo entra.
Por motivos óbvios, as autoridades inglesas não querem que os cidadãos frequentem pubs, já que eles são ótimos vetores de propagação do coronavírus – ambientes fechados, onde as pessoas ficam sem máscara e por bastante tempo. Já os bares, por razões igualmente evidentes, querem continuar funcionando: a Inglaterra tem quase 50 mil deles, que geram 450 mil empregos diretos e faturam 23 bilhões de libras por ano. O resultado desse impasse foi o seguinte: os pubs das cidades sob Nível 3 só poderão continuar abertos se também servirem refeições. Já nos locais sob Nível 2, os bares só podem vender bebida para os clientes enquanto eles estiverem fazendo uma refeição – isso evita que as pessoas permaneçam horas dentro do pub, e ajuda a frear um pouco a disseminação do vírus.
Mas o que, afinal, constitui uma refeição? Primeiro o governo federal avançou sobre as empanadas – dizendo que elas só valeriam como almoço ou jantar se acompanhadas de fritas. Em seguida, a cidade de Manchester foi na direção oposta – e determinou que um pedaço de pizza, se for grande, pode ser considerado uma refeição. Depois veio a inacreditável polêmica do bolovo. O ministro Michael Gove, que está coordenando as medidas restritivas no país, disse que ele é um aperitivo, não uma refeição. Foi desautorizado por outro ministro, o parlamentar George Eustice, e deu um giro de 180 graus: afirmou à imprensa que “um bolovo é uma refeição substancial”.
A Inglaterra acaba de sair do segundo período de lockdown, que durou todo o mês de novembro e reduziu em 30% o número de infectados no país. Ele foi substituído pelo novo sistema de níveis, com restrições variáveis encampando todos os aspectos do comércio e do setor de serviços – até a venda de álcool e bolovo.