Você já deve ter visto o trailer do novo Call of Duty: Advanced Warfare, que a Activision publicou no começo de maio, certo? O novo episódio da série, que será lançado apenas em 4 de novembro (nos EUA), tem alguns destaques, como o visual realista para os videogames de nova geração, o Xbox One e o PlayStation 4, e PC, e a participação do ator Kevin Spacey, de “House of Cards”, como um dos personagens da história.
Mas, pera, mais um Call of Duty? Não faz nem um ano desde o último lançamento ou estou variando? É isso mesmo. Com o Call of Duty: Advanced Warfare, o game somará o décimo lançamento da série em 10 anos! Isso quer dizer que há uma década, desde 2004, a Activision lança um Call of Duty por ano! E talvez você tenha vários motivos para atacar essa prática. Então vamos analisar e enriquecer nossos argumentos.
A primeira dúvida em relação a esse tema é, por que as empresas lançam jogos anualmente? A resposta é simples: porque as pessoas compram. Isso significa que devemos boicotar os lançamentos anuais? Claro que não! Não é porque uma série é lançada todo ano, que ela, automaticamente, se transforma em vilã e deve ser odiada. Na realidade, a questão mais importante a ser levada em conta é se vale a pena continuar comprando o jogo em cada lançamento. E, tudo depende de como a empresa que produz os jogos enxerga e trabalha com esse fluxo.
Para produzir um jogo como Call of Duty, por exemplo, a Activision envolve centenas de pessoas, gasta anos de desenvolvimento e milhões do dólares. Inclusive, até alguns anos atrás, a Activision fazia rodízio entre duas produtoras para que o ciclo de desenvolvimento fosse de dois anos para cada jogo. Atualmente, ela aumentou esse número para três empresas. Enquanto estamos aqui debatendo o trailer de Call of Duty: Advanced Warfare, pode ter certeza que outros dois estúdios estão produzindo os futuros games da série. O que garante a qualidade do jogo.
Isso quer dizer que todos os jogos que demoram anos para serem desenvolvidos são bons? Definitivamente não. Com certeza, o tempo de produção dá chance para que os desenvolvedores trabalharem melhor as ideias e conceitos, mas a lista de games que passam anos em desenvolvimento e foram uma bomba é enorme, principalmente se o game não apresenta nenhuma novidade.
Outra questão desfavorável aos jogos de franquia, é o desgaste que eles sofrem. Guitar Hero e Rock Band, por exemplo, são dois games morreram porque esgotaram o gênero musical em poucos anos. Eram tantos lançamentos que logo o público enjoou. Por que tudo que é demais enjoa, certo? E as empresas sabem disso. É aí que elas cometem um crime: sabem que, cedo ou tarde, os fãs vão abandonar a série da moda e até que isso aconteça, tiram o máximo que podem dessas franquias.
É justamente essa prática que deve ser combatida. Guitar Hero e Rock Band ainda poderiam estar entre as novidades da E3 2014, se Acitivision e EA não tivessem esgotados a fórmula em tão pouco tempo. O mesmo aconteceu com Tony Hawk’s Pro Skate e muitos jogos de esporte.
Aliás, os jogos de esportes apelam para pequenas mudanças e atualização de jogadores e times para validar lançamentos anuais. FIFA 14 é incrível, mas não tão diferente de FIFA 13. Será que não seria mais justo a EA nos dar a chance de pagar menos pelo jogo seguinte quando ainda temos o anterior? Ou pelo menos lançar os jogos de esporte com preços mais baixos? Seria mais justo, só que não daria tanto dinheiro.
Mas então, vamos lá. Os lançamentos anuais de jogos são vilões ou injustiçados?
A conclusão que chego sobre esse assunto é simples: cada caso deve ser analisado com cuidado. Se o maior vilão dos lançamentos anuais é o tempo de produção, é importante checar como a empresa lida com essa dificuldade antes de atacar e chamar todos de mercenários. Videogames são entretenimento e o principal objetivo de empresas desse ramo é lucrar, não sejamos tolos. O que eu defendo é que elas façam isso entregando produtos de qualidade, independente de quanto tempo demoram para lançar.