Durante a final regional do Circuito Brasileiro de League of legends, nós batemos um papo com três dos quatro sul-coreanos que disputam o torneio: Kim “Olleh” Joo-sung, suporte da equipe da Pain Gaming e Park “Winged” Tae Jin e An “SuNo” Sun-ho, jungler e meio, respectivamwente, da Keyd Stars. O papo abordou tanto as origens dos três no mundo de League of Legends quanto as principais diferenças entre as cenas brasileiras e coreanas.Passando por, claro, o fanatismo do público e do que eles mais gostaram do Brasil-sil-sil.
Confira:
Pain Gaming – Kim “Olleh” Joo-sung
Como era a vida na Coréia?
Só jogar, jogar, jogar e jogar. As vezes eu saia para comer, me divertir. Era ok.
Mas você também estudava?
Sim, estudo muito. Todo dia, umas 17 horas por dia, dividindo o tempo com League of Legends.
Como foi o convite para jogar no Brasil?
A Pain gaming contratou Maknoon (um famoso ex-jogador profissional de LoL) dizendo que eles queriam dois jogadores da Coreia. E então o Maknoon me perguntou se eu gostaria de ir para o Brasil. Eu respondi: ok, tudo bem. Três dias depois, já vim para cá.
Você vê alguma diferença entre a cena brasileira e a cena coreana de League of Legends?
Na Coreia, os melhores jogadores conhecem uns aos outros. Então se alguém trolla (brinca de propósito ou estraga a partida dos outros) em um jogo, todo mundo sabe quem ele é e então todos passam a ignorá-lo. Na Coreia, ou você só brinca ou você ignora aqueles que brincam, então todo mundo acaba jogando sério.
E você gosta dos brasileiros?
Eu penso que, na Coreia, o número de pessoas positivas, pessoas felizes é muito pequeno. Mas no Brasil é tudo “não tenho dinheiro, mesmo assim está tudo bem”. Eu fiquei muito impressionado.
No que o Brasil precisa melhorar na cena de League of Legends?
Eu acho que o Brasil só enxerga a si mesmo. Na Coreia, a prioridade é primeiro a Coreia e depois vem a China, a Europa e a América do Norte. Eu acho que o Brasil precisa ver mais o mundo, ver outras cenas. Às vezes a cena coreana, às vezes a cena europeia, às vezes a norte-americana, mas hoje, o brasileiro só enxerga o próprio Brasil. Se vocês querem jogar League of Legends em um nível mundial, os jogadores de videogame precisam ver o que o mundo está fazendo.
E quais são seus champions favoritos?
Só suporte. Às vezes, na solo queue, eu jogo no meio ou de carregador.
Você gosta da solo queue brasileira?
O nível challenger é ok, mas nos níveis não-challenger, é muito difícil de jogar.
E de sair por aí?
Gosto de ir a praia, é legal. Além disso, as mulheres brasileiras são ~bonitas~.
Você pretende voltar para a Coreia ou quer ficar por aqui mesmo?
Às vezes eu sinto saudade da Coreia, mas eu estou feliz aqui então nem ligo.
Keyd Stars – Park “Winged” Tae Jin e An “SuNo” Sun-ho
Como vocês começaram a jogar League of Legends?
Winged – No começo eu já tinha ouvido falar do jogo, mas não gostava. Meu amigo me pediu para que eu começasse a jogar junto com ele.
Suno – Eu jogava um MOBA chamado Chaos e todos os meus amigos que jogavam esse jogo, inclusive competitivo, foi para o League of Legends então eu fui junto.
Quando vocês decidiram que virariam profissionais?
Winged – Na segunda temporada eu jogava por diversão, mas consegui uma colocação muito boa e fiquei em trigésimo no ranking coreano. A partir dali eu vi que, para virar profissional, bastaria eu me esforçar.
Suno – Eu estava jogando bem durante o ginásio, vi que tinha potencial dentro do jogo e fiz um acordo com minha mãe: eu queria um mês só para me focar no jogo e ver no que iria dar, eu continuaria se fosse bem, se fosse mal voltaria para os estudos. Conseguir ficar bem posicionado no ranking da Coreia e até disputei um campeonato off-line.
Como foi o convite para vir ao Brasil?
Suno– O Eduardo Kim (diretor e fundador da Keyd Stars) me chamou. Ele conhece alguns treinadores na Coreia e me convidou por eu ter experiência em times como Skt1 e por ter participado de campeonatos mundiais. Topei depois de uns 2 dias e já vim para cá. Nós precisávamos de um jungler também. E a indicação do Winged veio de um amigo meu da equipe Najin.
Qual a diferença que eles enxergam entre a cena brasileira e a coreana de League of Legends?
Winged- Na Coreia, campeonatos desse tamanho são praticamente inexistentes. A não ser que seja a final de uma competição muito importante. Normalmente os torneios são disputados em um estúdio com pouco público. Me assustei com tanta gente apaixonada e interessada no jogo.
E o comportamento brasileiro nos videogames é bem diferente do coreano?
Winged – Na Coreia, uma coisa muito diferente é a disciplina. Quando eles jogam o foco inteiro é no game, não dá para pensar em outra coisa. A hora de comer é muito certinha. Eles terminam as refeições e já voltam a jogar. Aqui no Brasil também existe essa disciplina, mas não chega a ser algo tão ríspido.
Suno – Além do que o Winged falou, o jogador brasileiro é muito movido pelos fãs. Na Coreia, nós ficamos mais nas gaming houses e quando tem um campeonato não é tão grande quanto esse. Aqui, o contato é muito próximo então os jogadores jogam mais para os fãs.
O que mais gostam no Brasil?
Winged – Mulher, ~brinks~. A coisa que eu mais gosto é o fanatismo. Quem é fã é bem fanático mesmo. Eles nos tratam quase como deuses. Na Coreia o negócio era mais focado no trabalho. Aqui, além do trabalho, tem o sentimento de se esforçar mais por causa dos fãs.
Suno – O que eu mais gosto são os fãs e o jeito que os jogadores do meu time se comportam. Meus companheiros são bem mais receptíveis, sociáveis, me sinto muito mais tranquilo. Por causa disso, a qualidade de vida consegue ser muito melhor. Claro que existe o stress, mas é algo menor do que na Coreia.
E eles querem voltar para a Coreia?
Eduardo Kim – Eles têm a intenção de ficar aqui. Claro que depende do sucesso, do resultado, mas o desejo existe. Ninguém sabe.