A posição do seu corpo pode influenciar suas decisões
Por mais racional que você tente ser, o processo de tomada de decisão é influenciado por vários fatores – incluindo alguns inconscientes e um tanto improváveis. Uma pesquisa da Erasmus University Rotterdam, na Holanda (“Inclinando-se para a esquerda, a Torre Eiffel parece menor: Pensamento da Postura Modulada”, publicada recentemente na revista Psychological Science) concluiu que nossos palpites e percepções são distorcidos pela inclinação do nosso corpo.
Os 33 voluntários do estudo tiveram que responder algumas questões que exigiam uma estimativa numérica, como “quanto pesa um elefante adulto?”, “qual a porcentagem de pessoas com mais de 65 na Holanda?” ou “quantos dias chuvosos há no país anualmente?”. Eles respondiam às perguntas de pé sobre uma Wii Balance Board, uma plataforma usada em alguns jogos do console da Nintendo. Mas havia um truque aí: os pesquisadores alteraram a balança para que ela ficasse, às vezes, sutilmente inclinada para a esquerda ou para a direita. A fim de impedir que os voluntários percebessem essa inclinação, uma tela os informava de que estavam perfeitamente retos, mesmo quando não estavam.
E o resultado foi surpreendente: quando estavam inclinados para a esquerda, as estimativas foram mais baixas do que quando eles estavam retos ou inclinados para a direita. Não houve mudanças significativas entre as respostas dadas quando os participantes estavam inclinados para a direita e os que estavam na vertical. Uma coisa já se sabia: quando pensamos em números, nós mentalmente representamos números menores à esquerda e números maiores à direita. Agora, os pesquisadores descobriram que nos inclinarmos para um lado ou outro influencia nossas estimativas numéricas para mais ou para menos, mesmo que não o percebamos.
Sim: a inclinação do nosso corpo influencia as estimativas de quantidades, como tamanhos, números ou porcentagens – o que influencia, por sua vez, nossas decisões. “A tomada de decisão, assim como outros processos cognitivos, é uma integração de múltiplas fontes de informação: memória, imagens visuais e informações corporais, como a postura”, diz Anita Eerland, que participou do estudo.
Mas algo é certo: a posição em que estamos não vai nos fazer responder incorretamente algo que saibamos. Ela vai apenas influenciar suas estimativas para uma determinada direção. Ainda assim, os pesquisadores alertam para que ninguém se iluda achando que nossos processos cognitivos são perfeitamente conscientes e racionais. “A tomada de decisão não é um processo primitivo. Todas as fontes de informação têm alguma influência nele, e estamos apenas começando a explorar o papel do corpo nisso”, explicou Rolf Zwaan, que também participou do estudo.
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