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Estudos científicos e reflexões filosóficas para ajudar você a entender um pouco melhor os outros e a si mesmo. Por Ana Prado

Cientistas descobrem sistema “autolimpante” do cérebro

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 21 dez 2016, 09h48 - Publicado em 17 ago 2012, 19h22

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Canais levam embora resíduos que podem fazer mal para o cérebro. Imagem: Reprodução

Na maior parte do nosso corpo, uma rede de vasos transporta a linfa, um fluido que remove o excesso de plasma, células mortas, detritos e outros resíduos que produzimos. Mas ela não passa pelo cérebro e os cientistas não sabiam exatamente como ele se virava para fazer sua “limpeza”.

Até então, eles achavam que esse órgão se livrava dos resíduos por meio de um processo de difusão bem lento através dos tecidos. As substâncias solúveis em um fluido espécifico do cérebro, chamado líquido cefalorraquidiano, seriam mandadas para fora do sistema nervoso e, depois, lançadas na corrente sanguínea.

Mas neurocientistas das Universidades de Rochester, Oslo e Stony Brook acabaram de descobrir que o cérebro também promove uma limpeza por ali de uma segunda maneira (bem mais rápida e eficiente, por sinal), com a ajuda de uma corrente de fluido que passa por dentro dele. E tem mais: esse processo acaba com o acúmulo de toxinas associadas à doença de Alzheimer, Huntington e outras doenças neurodegenerativas.

Liderados pelo neurocientista Maiken Nedergaard, o grupo perfurou o crânio de ratos vivos e injetou no seu cérebro moléculas radioativas. Então, acompanharam o seu caminho junto com outros resíduos carregados pelo líquido cefalorraquidiano.

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Eles observaram que, como um rio, esse fluido carregou as moléculas rapidamente ao longo de canais específicos – formados, olha só que interessante, por células cerebrais não neurais chamadas “glia” (veja na imagem acima). Elas criam um canal de descarga para o líquido cefalorraquidiano e ainda ajudam a regular o seu fluxo.

Depois, o líquido pode cair na corrente sanguinea, retornar para o cérebro ou ir para o sistema linfático. Os pesquisadores batizaram a rede de sistemaglimpático“, em referência tanto às células da glia quanto à sua similaridade funcional com o sistema linfático.

Limpeza contra o Alzheimer

Os pesquisadores também injetaram um tipo de proteína chamado beta-amilóide no cérebro dos camundongos. Ela está presente em todos os cérebros saudáveis, mas, em casos como a doença de Alzheimer, pode se acumular e provocar danos cerebrais.

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Isso foi feito tanto em ratos com um sistema glimpático normal quanto em outros com um gene deficiente que impedia que as células da glia auxiliassem no fluxo do fluido cerebral. Resultado: nos ratos normais, a proteína foi rapidamente levada embora por esse sistema “autolimpante”. Já nos outros, ela ficou mais tempo.

Agora, acredita-se que problemas nesse sistema autolimpante do cérebro possam ser responsáveis (em parte, pelo menos) pela acumulação excessiva de proteínas prejudiciais observadas em doenças neurodegenerativas.

Além disso, o estudo também pode levar a uma compreensão maior do funcionamento desse sistema como um possível removedor das toxinas neurais que inevitavelmente vão se agregar e causar danos cerebrais à medida que envelhecemos.

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(Via Nature, via Scientific American)

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