Pessoas poderosas se sentem mais altas
Muitas vezes usamos atributos do mundo físico para descrever características emocionais, psicológicas ou até sociais dos outros. Por exemplo, quando uma pessoa é amorosa, podemos dizer que ela é “calorosa”; o oposto disso nos leva a chamá-la de “fria”. E, para nos referirmos a uma pessoa que tenha uma posição de poder e responsabilidade, podemos dizer algo como “ele é um grandão lá na firma onde trabalha”. O mais interessante nisso é que, para o nosso cérebro, esses termos muitas vezes não são só metáforas.
Um estudo da Universidade Cornell e da Universidade de Washington descobriu que as pessoas que se sentem poderosas tendem a superestimar a própria altura, sentindo-se fisicamente mais altas do que realmente são. A conclusão foi feita com base em vários testes diferentes. Em um deles, 266 voluntários tiveram sua altura medida. Em seguida, receberam um teste de aptidão de liderança e ficaram sabendo que, com base em seus comentários, cada um deles seria designado para desempenhar o papel do gestor ou do empregado em um jogo.
Eles então receberam um feedback falso e ganharam, aleatoriamente, um papel. Depois disso, cada pessoa preencheu um questionário com informações pessoais, incluindo a cor dos olhos e altura. Os que haviam sido informados de que seriam o gerente, com controle completo sobre o processo de trabalho, informaram uma altura maior do que a medição real. Quem tinha sido designado como empregado forneceu uma altura bem mais próxima ao seu tamanho real.
Outros experimentos envolveram até a criação de um avatar para usarem em jogos de videogame. Também nesse caso, quem se sentia mais poderoso criou avatares mais altos. Para os pesquisadores, como essa característica está associada ao poder, aumentá-la pode fazer as pessoas se sentirem mais poderosas.
Quente x frio
Algo semelhante ocorre com a relação entre temperatura e comportamento. Um estudo da Universidade de Yale descobriu que ficamos mais abertos e calorosos quando seguramos um copo de café quente – e mais “frios” quando seguramos um copo com uma bebida fria, por exemplo. Para isso, os pesquisadores pediram a voluntários que segurassem uma das bebidas, lessem algumas informações sobre um estranho e, depois, avaliassem sua personalidade. Quem segurou o café quente foi mais propenso a descrever a pessoa com traços “calorosos”, envolvendo simpatia, agradabilidade etc.
Outro teste foi feito usando bolsas terapêuticas quentes e frias e o resultado foi semelhante. Depois de segurar uma das duas, os voluntários ficaram sabendo que receberiam um brinde. Mas eles poderiam escolher entre ficar com ele ou pegar um vale para dar a um amigo. Aqueles que seguraram a bolsa quente foram mais propensos a pedir o vale para o amigo, enquanto foi mais comum entre os que seguraram a bolsa fria ficar com o brinde para si.
“Parece que o efeito da temperatura física não é apenas sobre a forma como vemos os outros – isso afeta o nosso próprio comportamento também”, disse o professor John A Bargh, coautor do estudo. “O calor físico pode fazer com que vejamos os outros como pessoas calorosas, mas também pode nos levar a ser mais calorosos”. A demonstração do poder da temperatura na avaliação das pessoas tem sido apoiado por recentes estudos de imagem cerebral. Estímulos quentes ou frios são usados, por exemplo, quando pesquisadores precisam provocar forte atividade no córtex insular. Essa mesma área do cérebro também está relacionada ao transtorno de personalidade borderline, uma doença caracterizada por uma incapacidade de cooperar e quase total incapacidade de determinar em quem se pode confiar.