4 filmes (e 1 desenho) que você precisa conhecer antes de ver “Círculo de Fogo”
Dizem por aí que “Círculo de Fogo” é barulhento, o roteiro é cheio de clichês, a mitologia não é muito bem explicada e, à primeira vista, a coisa toda parece uma imitação de Transformers. Ignore. O filme é diversão pura. Tente não se empolgar com estas cenas:
Na ficção científica dirigida por Guillermo del Toro, uma raça misteriosa de monstros de outra dimensão conhecidos como kaijus invadem o nosso mundo a partir de uma fenda no fundo do Oceano Pacífico.
Contra a ameaça dos monstros gigantes, a única esperança são os Jaegers, robôs igualmente gigantes, controlados por militares de alto nível. Mas não é qualquer um que consegue pilotar um Jaeger.
Nada em “Círculo de Fogo” é exatamente original. E não era pra ser mesmo. A coleção de referências a outras obras de ficção científica arranca tanta admiração quanto o primor visual das cenas de luta entre os monstros e os robôs. Separamos aqui algumas obras que você pode conferir para se preparar para o filme.
1. Godzilla (1954)
Nos créditos de “Círculo de Fogo”, o diretor Guillermo del Toro agradece vários cineastas e artistas que inspiraram o seu trabalho. Entre eles, o japonês Ishirō Honda. Foi ele que ajudou a criar o monstro Godzilla, materialização do pavor do povo japonês diante da corrida bélica e da ameaça nuclear pós-bomba de Hiroshima. O filme dirigido por Honda em 1954 deu origem a uma série de outros produtos culturais que seguem mais ou menos a mesma linha: um monstro gigantesco surge das águas e espalha a destruição por onde passa. Foi da mitologia levada para as telas por Ishirō Honda que Del Toro tirou o termo “kaiju”, que, em japonês, significa criatura estranha. Não é por acaso que as águas do pacífico, as mesmas que o Godzilla original habitava, foram escolhidas como a fenda entre o mundo dos kaijus e o nosso, em “Círculo de Fogo”.
2. Transformers (2007)
A associação é imediata. Robôs gigantes e equipados com armas letais travando lutas épicas cheias de efeitos especiais representam uma fantasia nerd clássica. Por isso o filme de 2007, baseado no desenho dos anos 1980, fez tanto barulho. A fórmula até era boa: as explosões de Michael Bay, a renovação do mito, a simpatia de Bumblebee e a presença certeira de Megan Fox. Mas as duas sequências do filme pareceram desculpas esfarrapadas para mostrar robôs gigantes lutando e destruindo cidades inteiras. O filme vai ganhar uma quarta parte em 2014, sem Shia LaBeouf.
3. Neon Genesis Evangelion (1995)
“Neon Genesis Evangelion” não foi a primeira obra japonesa estrelada por máquinas gigantescas controladas por humanos e robôs com inteligência artificial (a série “Gundam” já fazia isso desde o final dos anos 1970). Mas o anime de 1995 foi além ao mostrar como protagonista um herói relutante, que personificava a complexidade da trama: adolescentes são forçados a pilotar seres vivos orgânicos parecido com robôs e lutar contra os monstros em “Evangelion”. As consequências psicológicas de serem, ao mesmo tempo, heróis aclamados e simples peças no sistema, afligem os protagonistas das duas obras, mesmo que de maneiras diferentes. Em “Círculo de Fogo”, os Jaegers são controlados por duplas de pessoas com fortes conexões psicológicas. Durante a conexão neural, processo que “liga” o robô, um dos pilotos basicamente entra na mente do outro. Dá para imaginar os sérios desdobramentos que isso pode causar.
(Update: acabei de descobrir que um outro site gringo teve a mesma ideia que eu e escreveu um artigo excelente sobre a relação entre “Evangelion” e “Círculo de Fogo”. Olha só.)
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4. Avatar (2009)
Você pode até pensar que “Círculo de Fogo” não tem nada a ver com o moderno (porém bobo) filme de James Cameron. Mas o próprio Del Toro discorda – e, nos créditos de seu filme, consta o nome de Cameron entre os agradecimentos (junto com David Cronenberg, Alfonso Cuarón e Alejandro Gonzáles Iñárritu). O fato é que, quando começamos a descobrir mais sobre os Kaijus e seu mundo, a estética do filme (em especial, à dos monstros) lembra bastante o azul brilhante e as cores neon de Pandora, o maravilhoso planeta fictício criado por James Cameron. A referência fica ainda mais clara no momento em que um dos monstros marinhos ataca um cientista. Sua língua é parecida com as flores fluorescentes de “Avatar”. Mas essa não é a única obra de James Cameron a figurar no repertório de alusões de Del Toro.
5. Aliens, o resgate (1986)
Na sequência menos inteligente mas igualmente apavorante de “Alien: o 8º passageiro”, de Ridley Scott, James Cameron mostra a continuação da luta de Ellen Ripley contra os vorazes alienígenas mal-humorados. Não vamos estragar as surpresas de “Círculo de Fogo” entregando de cara em qual dos elementos de “Aliens, o resgate” o filme se inspira (além de, claro, o fato de Ripley pilotar um protótipo de Jaeger). Mas quem assistir aos dois filmes logo vai entender por quê.
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