“Máquina do tempo” reúne referências à cultura pop em The Office
Em 24 de março de 2005 estreou na TV americana a série que nos apresentou ao melhor pior chefe da ficção. Inspirada no seriado britânico de mesmo nome criado por Ricky Gervais e adaptada para os EUA por Greg Daniels, ao longo de seus 9 anos em exibição, The Office arrematou mais de 132 indicações a Dundies prêmios da televisão, conquistando um total de 28 vitórias. Passado quase um ano desde que Michael Scott e cia. nos deixaram (o episódio final do seriado foi ao ar em maio de 2013), dois sites apareceram para mostrar que o legado deixado pelos excêntricos trabalhadores da Dundler Mifflin segue firme e forte.
Joe Sabia é o responsável por The Office Time Machine e The Office Stare Machine, projetos que fazem uma super-compilação de dois dos aspectos que tornaram o seriado tão singular: as incontáveis referências culturais feitas nos episódios e os muitos olhares silenciosos que os personagens direcionaram às câmeras dos meta-documentaristas que os acompanharam ao longo de quase 10 anos.
“The Office desperta empatia (e é hilário) porque pega tanto emprestado da cultura popular – e as pessoas entendem essas referências. Cultura é o conhecimento, a arte e os costumes coletivos da sociedade. Ela nos envolve, nos une e nos permite rir em conjunto de uma piada sobre Ben Franklin ou M. Night Shyamalan. Cultura é, basicamente, o tempero em uma refeição”, afirma o artista digital no site da “máquina do tempo” lançada em março deste ano, um site que reúne as 1.300 referências à cultura pop feitas pelos personagens ao longo dos 201 episódios do seriado. Para viajar no tempo basta acessar The Office Time Machine e escolher um ano (antes ou depois de Cristo!) e assistir ao vídeo que reúne todas as referências culturais a personalidades e eventos do período selecionado.
Ao todo, Joe Sabia dedicou um ano e meio ao processo de assistir às nove temporadas da série registrando e pesquisando cada uma das referências e editando os mais de mil trechos. Como já estava com a mão na massa (that’s what…), ele também separou todos os trechos em que um personagem olhava para a câmera sem dizer nada. Com a ajuda do amigo programador Aaron Rasmussen, Joe trabalhou para transformar todas estas “encaradas” em uma experiência interativa. O resultado do trabalho pode ser visto em The Office Stare Machine, lançado em abril: no site, um total de 706 olhares silenciosos foram indexados por emoções. Basta digitar um sentimento para trocar olhares com personagens. Dica: clique em “confused” para relembrar todas as gloriosas (e recorrentes) vezes que Jim “Big Tuna” Halpert compartilhou seu desamparo com as câmeras.
O criador promete: se você aguentar assistir a todos os 706 olhares vai acessar um vídeo “secreto e épico”.
As iniciativas divertidas têm também uma motivação séria: Joe começou esse projeto para defender a reforma de direitos autorais e de uso justo. “O copyright – sistema criado há centenas de anos para incentivar os criadores a fazerem coisas legais – cai por terra em situações em que criadores não tem nenhuma intenção de roubar a obra de outros artistas, não tem intenção de exploração comercial; (…) e querem criar nova cultura pegando emprestado elementos de cultura produzida antes”, explica no site. A esperança dele é que o projeto ajude a diminuir o número de processos por ~uso indevido e não autorizado~ de imagens. “A intenção é mostrar o quanto dependemos de cultura. Então vamos deixar os artistas pegarem sem medo de ser processados. (…that’s what she said )”, defende.