Caranguejo muda de sexo com tinta poluente
A suspeita veio de uma pesquisa realizada por pesquisadores da Unesp – Universidade Estadual Paulista, que, depois de mapearem 13 regiões do litoral paulista e carioca, encontraram, em três dessas áreas, caranguejos ermitões da espécie Clibanarius vittatus com órgãos sexuais dos sexos masculino e feminino.
A descoberta não significaria nada, se existissem ermitões hermafroditas na natureza, mas o fato é que não existem. Instigados, os pesquisadores analisaram os crustáceos e encontraram o possível motivo dessa anomalia genética: o composto TBT – Tributilestanho, presente em tintas usadas por pescadores para pintar o casco dos barcos e evitar que algas e mexilhões grudem na embarcação, diminuindo sua velocidade.
A substância é altamente tóxica e, comprovadamente, provoca mudança sexual em moluscos. A suspeita dos pesquisadores é de que o TBT também afete os ermitões, o que caracterizaria essa fase hermafrodita, observada na pesquisa, como a primeira etapa da transição do sexo feminino para o masculino.
Por enquanto, trata-se de uma desconfiança, que deixará de existir dentro de algum tempo, já que os pesquisadores iniciarão experimentos laboratoriais para comprovar a ligação do TBT com a mudança de sexo. Mas, enquanto isso, o composto continua sendo vendido no mercado brasileiro, poluindo nosso litoral e, possivelmente, intoxicando nossa biodiversidade.
A Organização Marítima Internacional já afirmou, em convenção, que é contrária ao produto e atualmente, no mercado, existem outras tintas navais que podem ser usadas para o mesmo fim, sem prejudicar o meio ambiente. Em países como Japão e França, a comercialização do produto já é proibida. E, aqui, no Brasil? O que será que estamos esperando?
Foto via Ahoerstemeier
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*Unesp – Universidade Estadual Paulista