Índio High Tech
Passando em frente ao imponente prédio do Google, na Califórnia, em 2006, o índio brasileiro Almir Suruí teve um insight: aquela gigante organização poderia ajudá-lo a salvar a Amazônia, mais especificamente, as terras dos Suruís, no estado de Rondônia.
É que, segundo a ONG Kanindé, todos os dias, 200 caminhões transportando madeira ilegal saem da região impunemente. Cansado de pedir ajuda ao IBAMA, à FUNAI e à Polícia Federal para conter a situação, sem que nada fosse feito de fato, Almir resolveu ir até os EUA para chamar atenção do mundo para o problema.
Quando conheceu o Google Earth, o índio ficou impressionado com a capacidade da ferramenta em revelar as áreas de desmatamento pelo mundo e viu ali um novo instrumento para que seu povo pudesse monitorar melhor as próprias terras e tentasse se defender das madeireiras.
Ele não só marcou uma reunião com o Google e passou 4 horas no prédio da empresa contando sobre as invasões em Rondônia, como conseguiu que eles viessem ao Brasil há três semanas para conhecer o local de perto e firmar uma parceria com os Suruís.
Além de ter a região mapeada, até agora, duas oficinas já foram ministradas por instrutores do Google – uma em Cacoal, onde ficam a aldeia dos Suruís, e outra em Porto Velho, capital do estado – para capacitar os índios e os demais habitantes da região a utilizarem as ferramentas digitais e disponibilizarem na internet informações sobre as atividades irregulares na floresta.
Além de o mundo todo ficar sabendo do que tem acontecido por lá, as autoridades passam a ter informação em tempo real sobre a atuação dos madeireiros e não têm desculpa para não agir contra isso.
Almir é constantemente ameaçado de morte, mas continua se movimentando em prol da Amazônia. Juntamente com o GTA – Grupo de Trabalho Amazônico, ele aproveitou a presença estrangeira, no mês passado, para lançar um dossiê que denuncia a ação das empresas que estão por trás da extração ilegal da madeira e aponta nomes de políticos possivelmente envolvidos no esquema (leia “O fim da floresta?” no site da ONG kanindé).