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Insetos podem salvar o mundo da fome e do aquecimento global?

Por Thays Prado
Atualizado em 21 dez 2016, 10h17 - Publicado em 16 ago 2010, 09h00
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Larvas de formigas, comercializadas em Isaan, na Tailândia

Atualmente, vacas, porcos e ovelhas ocupam dois terços das terras agrícolas do mundo e emitem 20% dos gases de efeito estufa que lançamos na atmosfera. E o consumo de carne só aumenta: há 20 anos, a média global de consumo era de 20 Kg por ano, hoje, consome-se 50 kg, e, em vinte anos, a perspectiva é de que cada pessoa coma 80kg de carne por ano.

Não há planeta que aguente produzir tanta carne e, muito menos, suportar um aumento tão drástico nas emissões de carbono. Por esse motivo, uma das recomendações da ONU para controlar as mudanças climáticas é que todas as pessoas passem, pelo menos, um dia por semana sem consumir carne e diminuam o consumo ainda mais ao longo do tempo.

Há pesquisadores no mundo todo pensando em alternativas que ajudem a conter o aquecimento global e a alimentar os possíveis 9 bilhões de habitantes que seremos em 2050.

Desde 2008, a FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação discute a possibilidade de se incluírem insetos na dieta humana. Na realidade, mais de mil tipos de insetos já fazem parte do cardápio de 80% dos países, especialmente na porção oriental do globo, e são mais populares nas regiões tropicais, onde ficam maiores e são mais fáceis de serem capturados.

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A ideia tem o aval do entomologista (estudioso de insetos) Arnold van Huis, da Universidade de Wageningen, na Holanda. Ele diz que essa classe de animais possui um alto nível de proteínas, vitaminas e minerais.

Além disso, de acordo com suas pesquisas, as fazendas de insetos produzem uma quantidade muito menor de gases de efeito estufa se comparadas à pecuária: uma criação de gafanhotos, grilos ou minhocas emite 10 vezes menos metano. Os insetos ainda produzem 300 vezes menos óxido nitroso, que também tem efeito estufa, e muito menos amônia, comum nas criações de porcos e aves.

As fazendas de insetos ainda poderiam gerar renda para comunidades carentes e proteger as florestas, pois além de elas serem o habitat natural de várias espécies, não precisariam ser destruídas pelo avanço das pastagens.

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O objetivo da FAO é incentivar, inicialmente, o aumento do consumo de insetos em locais em que a prática já é aceita, mas caiu em desuso por conta das influências culturais do ocidente.

Desde abril, o órgão das Nações Unidas vem desenvolvendo um projeto de criação de insetos no Laos, aproveitado os conhecimentos de 15 mil agricultores familiares que cultivam gafanhotos na Tailândia, país vizinho.

No Laos, a população sofre com deficiência de cálcio – havia, inclusive, uma proposta de se construir uma grande indústria leiteira no país. No entanto, a maior parte dos asiáticos tem intolerância à lactose. Considerando que grilos e gafanhotos são ricos em cálcio e 90% da população do Laos já comeu insetos em algum momento, pode estar aí uma boa solução para a saúde desse povo.

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Você acredita que essa ideia seria aceita no Brasil?

*Foto: CC Bertrand Man

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