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Vítimas de abusos posam com cartazes para denunciar violência

Por Marina Maciel
Atualizado em 21 dez 2016, 10h33 - Publicado em 4 jun 2013, 10h00

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Você, certamente, já ouviu alguém culpando vítimas de abuso sexual por terem sido molestadas. Frases que atribuem algum tipo de culpa ao abusados, como “Se você não tivesse bebido tanto na festa, isso não teria acontecido”, “Você o deixou entrar no seu quarto; o que esperava que acontecesse?”, “Quem manda sair de casa vestida desse jeito?” e muitas outras, infelizmente, são comuns.

Para dar voz aos sobreviventes desse tipo de violência e tentar mudar o discurso de que a culpa é da vítima, a fotógrafa americana Grace Brown lançou, em 2011, quando tinha 19 anos, o projeto de fotografia Unbreakable. Nele, vítimas são fotografadas segurando cartazes com as frases que ouviram do violentador ou de pessoas próximas a respeito do abuso. Que coragem!

A ideia de lançar o projeto surgiu depois de escutar a história de abuso sexual sofrido por uma amiga e perceber como esse tipo de violência é comum. Nesses três anos, Grace fotografou mais de 400 pessoas dos EUA, da França e da Inglaterra  e também recebeu milhares de fotos de vítimas que decidiram expor seu passado para contribuir com a causa.

Para participar do projeto, basta enviar um e-mail para projectunbreakablesubmissions@gmail.com com uma imagem, em que a frase do cartaz esteja entre aspas e que só você esteja na foto, como fizeram algumas das participantes e, também, uma brasileira, na semana passada (como mostra a última foto que publicamos neste post).

Uma pesquisa realizada pelo Centro Universitário Filadélfia mostra que crianças vítimas de abuso sexual prolongado perdem a autoestima, podem ter dificuldades de estabelecer relações harmônicas com outras pessoas e, ainda, podem se tornar adultos que também abusam de outras crianças ou podem se inclinar para a prostituição.

No Brasil, o abuso sexual é o segundo tipo de violência mais sofrida por crianças de até nove anos, segundo o Ministério da Saúde. A maior parte dos agressores é alguém do convívio muito próximo da criança e do adolescente: o pai, algum parente ou ainda amigos e vizinhos. Denuncie! Disque 100 ou registre, na Polícia Federal, qualquer tipo de crime na internet contra os direitos humanos, inclusive a pornografia infantil, clicando aqui.

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Confira algumas das imagens (chocantes) do projeto, abaixo:

“Você gosta disso?”

“Você não quer saber do que os meninos gostam?”

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“Não conte para ninguém. Ele pode ir para a cadeia” – Mãe. “… E seus primos vão julgar você.”

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“Eu vou matar suas irmãs” – meu padrasto no meu aniversário de 13 anos. Mas eu não sabia que ele dizia a elas quase a mesma coisa.

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“Shhhh, apenas deite. Você não pode dizer ‘não’ agora.” Eu chutei o rosto dele.

“Depois de tudo o que você fez a gente passar” (referindo-se aos meus problemas médicos) “isto é o mínimo que você pode fazer por nós” – depois de ser abusada por meus pais.

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“Não se preocupe, garotos gostam disso.”

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“Bem, nós dissemos que você seria estuprada. Você achou que estávamos fazendo piada. Parece que a piada agora é você.”

“Seu pedaço de merda.” – meu pai para mim (11 anos de idade)

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“Nós dois sabemos que você não fala sério quando diz ‘não’. Acabaria muito mais rápido se você parasse de lutar.”

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“Não vou demorar para terminar.” (ele não aceitava ‘não’ como resposta)

“Pare de fingir que você é um ser humano.”

“Que coisa feia que eu fiz… Não conte para ninguém!” – meu padrinho, bêbado, quando eu tinha 16 anos. *Meus pais brigaram com ele na época, mas agora eles ainda o convidam para vir à nossa casa. Eles querem que eu o perdoe… Não consigo!

Leia também:
Cartilha ensina a evitar violência sexual infantil na web
Crianças e adolescentes precisam de proteção
Campanha busca voluntários digitais para combater violência sexual contra crianças

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