Memórias mais traumáticas poderão ser evitadas
Imagine se você pudesse se livrar pra sempre de um trauma ou da dor de coração partido? Aliás, nem precisa se esforçar tanto para pensar nisso: o diretor do filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet, já imaginou para a gente. Para quem não conhece a história, o longa mostra a situação de um casal que deseja eliminar as memórias – boas e ruins – de um relacionamento intenso e cheio de marcas.
Apagar a memória é um dos trending topics do mundo científico. No início do ano, a equipe liderada pelo neurocientista Andre Fenton, da Universidade Estadual de Nova Iorque, já havia descoberto que é possível apagar a memória de ratos e camundongos. O fato foi inclusive abordado na revista SUPER do mês de abril.
Desta vez, a novidade vem de uma pesquisa feita também com ratos pela Universidade de Harvard. A pesquisa saiu na semana passada na Science e é mais um passo rumo ao esquecimento de vivências dolorosas. Bom, pelo menos para os ratos. Segundo o estudo da bióloga americana Nadine Gogolla, é possível preparar o terreno cerebral para evitar as lembranças mais traumáticas. O segredo estaria em uma rede de moléculas localizadas na região da amígdala.
O processo parece arriscado, mas é simples. Os cientistas injetam uma dose de enzimas que destroem essa rede e misturam as moléculas com uma espécie de proteína que fica “abrigada” na rede. Quando essas ligações se reconstroem naturalmente, o material protéico já se transformou, e a memória deixa de existir.
Parece coisa de ficção científica, né? Mas tem um problema prático. Essa operação só pode ser feita antes da experiência dolorosa, ou seja, não deleta as lembranças ruins anteriores. Pelo jeito, ainda vamos ter que contar com as formas tradicionais de superar uma dor de cotovelo por mais algum tempo. Viva o bom e velho lenço de papel.