Para se proteger dos crackers, diga NÃO!
Por Ana Carolina Prado
Kevin David Mitnick
foi tratado como celebridade na Campus Party 2010 e o seu cartão de visitas foi
disputadíssimo (ok, parte da explicação para isso é o fato de o cartão ser
realmente bonitão e metalizado). Mas, afinal, quem é esse tiozão?, você talvez
se pergunte. Expliquemos!
Mitnick foi um cracker
que ficou famoso a partir dos anos 90. Ele conseguiu obter acesso não
autorizado a alguns dos mais seguros sistemas desenvolvidos, das maiores
corporações do mundo, incluindo telefonia celular, empresas de tecnologia e
provedores de internet. Acabou sendo preso em 1995 e ficou três anos em
liberdade condicional sem poder se conectar à internet (imagine você todo esse
tempo sem poder entrar na internet?!). Só que ele deixouo lado negro da força e
passou a usar a sua genialidade para o bem. Atualmente, o cara atua como gerente
de uma empresa de segurança. Deixou de ser cracker (mau) para ser um hacker
(manja muito e pode invadir sistemas, mas usa isso para o bem).
O seu papel na Campus
Party foi mostrar como a nossa bondade, ternura e educação podem fazer com que
a gente se dê mal, e aí não há firewall que nos proteja. Os crackers se
utilizam de deslizes humanos para se infiltrar e conseguir informações
sigilosas. É a chamada engenharia social, que dá muito certo porque tem como
alvo pessoas ingênuas e desprevenidas que fornecem dados pessoais como o
sobrenome da mãe, o endereço ou o nome do bicho de estimação para estranhos, em
troca de alguma vantagem qualquer. Esse tipo de dado geralmente corresponde a
senhas ou parte delas, ou é a resposta de perguntas secretas.
Para mostrar como a
gente está despreparado: pesquisas no Reino Unido mostraram que 98% das pessoas
forneceram seu endereço para receber um brinde que lhes fora prometido. E 70%
das pessoas forneciam a senha do seu computador em troca de… ovos de páscoa. Quer
dizer…. E nem depende apenas de brindes prometidos. Muitas vezes a gente pode
fornecer certos dados só para a pessoa que pergunta nos deixar em paz logo.
Crackers (maus, maus,
maus!) podem até usar um mecanismo para forjar o número do telefone que te
liga. Você olha, vê que é o telefone da empresa em que trabalha, por exemplo, e
acaba fornecendo dados. E mesmo arquivos em PDF, antes confiáveis, também
podem, agora, conter um malware.
Num mundo em que há
mecanismos para forjar de tudo e há gênios que podem burlar os sistemas mais
seguros (né, Mitnik?), a melhor arma, segundo o próprio ex-cracker, é o
firewall humano. E a dica que ele deu é: não confie nos outros, não subestime o
valor das suas informações pessoais, resista à tendência de querer ajudar todo
mundo fornecendo dados. “It’s ok to say no!”, ele diz. E mandou todo mundo
treinar para dizer “desculpe, mas não posso te ajudar”. Vamos deixar a bondade de lado um pouco aí,
pessoal. (Opa, pausa para o nerd com o notebook aqui na área da imprensa
oferecendo abraços grátis, nesse clima de amizade que reeeeina no ar).
Nessa insegurança
toda, a SUPER saiu perguntando para os campuseiros se eles não temiam pelas
suas informações. Muitos deles trazem computadores de trabalho para a Campus
Party. Felipe Meyer, por exemplo, trouxe boa parte do seu escritório para produzir o seu Jornal de Debates aqui
(www.jornaldedebates.com.br/campusparty) e garantiu que, como todos os outros
campuseiros, está tranqüilo porque o povo todo aqui é do bem, um cuida do outro
e cada um tem um bom firewall.
O fato é que, como
esclareceu a organização do evento, aqui a única rede que liga os computadores
é a internet, então os campuseiros não estão mais sujeitos a crackers do que
aqueles que estão na internet em suas próprias casas. Ter um bom firewall e
ficar de olho no seu equipamento foi a dica que Kevin Mitnik deu quando a SUPER
lhe perguntou sobre isso. #Ficadica.