Poluição espacial preocupa cientistas
95% dos pontinhos brancos desse modelo feito pela Nasa é lixo espacial
Não bastasse a da Terra, agora é a poluição espacial que está provocando dor de cabeça nos cientistas. Um grupo de especialistas da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos alertou na semana passada que o número de detritos orbitando o nosso planeta atingiu um ponto crítico e pode ameaçar a segurança de engenheiros espaciais e astronautas.
O lixo espacial é composto por restos de naves, satélites desativados, lascas de tinta e até ferramentas perdidas por astronautas em suas explorações espaciais. Os objetos têm tamanho variado. Em 2008, a Nasa havia contabilizado aproximadamente 17 mil destroços acima de 10 centímetros, 200 mil entre 1 e 10 centímetros e dezenas de milhões de partículas menores que 1 centímetro. A situação fica mais crítica considerando que o número elevado de fragmentos aumenta as chances de eles entrarem em colisão e criarem novos resíduos.
Como esses objetos giram em órbita na Terra a uma velocidades de até 28 mil quilômetros por hora, a colisão teria força suficiente para danificar um satélite ou até uma nave. Isso aconteceu em junho deste ano, quando os tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS) tiveram que buscar refúgio em uma nave de emergência por causa de um dejeto espacial que passou a apenas apenas 250 metros do módulo.
30% do lixo espacial pode ser atribuído aos Estados Unidos. A China foi considerada uma das culpadas pelo aumento do número de detritos quando, há quatro anos, testou mísseis que pulverizaram um satélite em 150 mil fragmentos.
Os cientistas da Academia Espacial cobraram medidas da Nasa, mas reconhecem que não é fácil resolver o problema – ainda mais agora que houve cortes orçamentários e a Nasa teve que diminuir suas despesas. Além disso, os EUA não podem limpar a sujeira de outros países porque existe um princípio jurídico internacional que diz que nenhuma nação pode colher os objetos de outras no espaço.
De qualquer forma, não existe uma tecnologia específica para limpar o espaço. Existem apenas recomendações e algumas ideias (redes gigantes, um lixeiro espacial robótico), que raramente são colocadas em prática por serem caras demais.
É importante notar que nem tudo o que está circulando pelo espaço permanece em órbita: os detritos vão perdendo altitude aos poucos e acabam caindo na Terra. Mas não precisa ter medo de ser atingido na cabeça por algum deles: a chance é muito pequena de isso acontecer. Na maioria das vezes, o lixo acaba queimando antes e, quando consegue atravessar a atmosfera, ainda enfrenta a probabilidade de cair no mar, já que os oceanos ocupam 75% da superfície terrestre.