Por que o cérebro lembra bem das coisas bizarras
Por Ana Carolina Prado
Você já ouviu especialistas em técnicas de memorização dizerem que para lembrar das coisas é bom fazer relações bizarras? Por exemplo, para lembrar que precisa comprar leite e sabão em pó no supermercado, você pensa em uma vaca numa máquina de lavar. Estranho, meio bobo até, mas funciona e isso já é fato conhecido.
O que o pessoal não sabia era por que o nosso cérebro retém informação ao realizar esse tipo de associação. Mas agora descobriram. A ScientificAmerican revelou que uma equipe de cientistas implantou eletrodos para monitorar a atividade de duas partes do cérebro: o hipocampo (responsável em parte pela memória de longo prazo) e o núcleo accumbens (relacionado a recompensa e prazer).
Para capturarem a atividade do cérebro, foi apresentada uma série de rostos contra um fundo vermelho seguida por uma imagem de uma casa contra um fundo verde. A imagem da casa em um fundo verde era apresentada de inesperada, em meio a uma série de rostos em fundo de outra cor, e fez o hipocampo se ativar duas vezes. A última ativação (que é imediatamente precedida por uma atividade no centro de recompensa) prevê a formação de memória.
Segundo o principal autor do estudo, Nikolai Axmacher, da Universidade de Bonn, Alemanha, apenas as informações relevantes recebem, pelo sistema de recompensa, algo que seria um “impulso de memória” – como ocorreu com a imagem da casa em fundo verde. Por serem inesperados, esses fenômenos surpresas são compreendidos pelo cérebro como algo que possa ensinar alguma coisa nova.
Mas vale notar que, segundo os pesquisadores, ainda não se desvendou totalmente a razão de a memória dar esse tratamento especial para coisas surpreendentes, inclusive porque provavelmente tais coisas mexem com outras regiões do cérebro além das duas que foram monitoradas.