Você sabe que “Bastardos Inglórios” é um filme do Tarantino porque…
Por Cláudia Fusco
Sejamos diretos: “Bastardos Inglórios” é genial. Mesmo! A gente até pode definí-lo com outras palavras como “surpreendente”, “bizarro” ou “controverso”, mas fiquemos em genial, que é uma junção desses adjetivos todos. A trama conta a historia dos Bastardos, um grupo de judeus americanos que pretende derrubar o nazismo. Mas não vá pensando que “Bastardos” é um filme histórico. Se os fatos tivessem se desenrolado de acordo com o roteiro do filme, o mundo seria bem diferente hoje em dia (e coisas como direitos humanos jamais existiriam, mas tudo bem).
Quem já assistiu a outras obras de Quentin Tarantino sabe que o diretor e roteirista tem lá suas particularidades. No novo filme, Tarantino optou por algumas fórmulas antigas de sucesso e misturou-as com elementos completamente originais – o que por si só é uma fórmula de sucesso antiga, é claro. O próprio título do filme, no original “Inglorious Basterds”, é uma piada interna. Segundo o diretor, a grafia correta da palavra Bastards simplesmente não combina com a história.
Pois é, nem tudo é perfeitamente coerente em “Bastardos Inglórios”. Então, quando você estiver sentado na cadeira do cinema, com o olhar vago, se perguntando como-meu-Deus-do-céu a cabeça do roteirista chegou a esse ponto, lembre-se que você está assistindo a um filme do Tarantino. E você sabe que Bastardos Inglórios é um filme do Tarantino porque…
… tem violência. Muita. Muita mesmo;
… Brad Pitt é descendente de índios Apache e arranca o escalpo de seus inimigos – e essa é a parte mais provável da trama;
… a trilha sonora do filme parece saída de um bangue-bangue;
… há muito sangue envolvido em todas as cenas, mas mesmo assim você morre de rir;
… as autoridades são alvo de piadas constantes;
… o maior vilão é também o personagem mais divertido de todos (Christopher Waltz faz falta quando não aparece);
… os caras maus existem e são realmente maus;
… não há mocinhos, bem ou mal: há carisma;
… o jeito de falar de cada personagem é super trabalhado e caricato;
… não existe qualquer compromisso com mitos, contexto histórico ou “dogmas políticos”, por assim dizer – você pode ver Joseph Goebbels chorando de emoção depois de receber um elogio direto do Führer;
… apesar de escrachada, existe uma aura solene, de filme antigo, rondando a produção;
… todos os personagens falam mil línguas, exceto os americanos. É claro.
“Bastardos Inglórios” é um daqueles filmes enormes que você topa do começo ao fim. É maluco? É. É fiel à História? Nem um pingo. Mas essa é a graça de um diretor que só soube inovar na própria carreira. Assista, se surpreenda e ria de todas as piadas de humor negro sem o menor peso na consciência. É por isso que elas estão lá, afinal de contas.
“Bastardos Inglórios” estreia no Brasil no dia 09 de outubro.