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5 histórias de cientistas brilhantes premiadas (ou quase) pelo Nobel

Por Redação Super
Atualizado em 21 dez 2016, 10h12 - Publicado em 24 out 2014, 18h06

Por Bruno Assis

11 Prêmios Nobel de Medicina, 4 de Química e 2 de Física. Este é o saldo das mulheres nos mais de 100 anos do maior prêmio mundial na área científica. Apesar do baixo reconhecimento, muitas descobertas essenciais vieram das mãos delas. Para mostrar essas histórias, selecionamos seis mulheres cientistas que ganharam o Nobel ou que chegaram bem perto disso:

 

1. A família Curie

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Quando se fala em mulheres cientistas, é impossível não citar Marie Curie. Não é por menos. Além da importância de seu trabalho para a área da radioatividade, ela foi a primeira mulher laureada com um prêmio Nobel, em 1903, e a primeira pessoa na história – e única – a vencer em duas categorias científicas diferentes.

Nascida em uma família polonesa de professores, em 1867, Maria Sklodowska recebeu toda a educação básica do pai, principalmente lições de física e matemática. Impedida de frequentar um curso superior por ser mulher, fez um acordo com a irmã para as duas irem para a França, estudar na Universidade de Paris. Bronislawa foi a primeira a ir e Maria precisou trabalhar como governante em Varsóvia para juntar dinheiro. Dois anos depois, foi a vez dela embarcar para Sorbonne, conseguindo os diplomas de física e matemática em 1893 e 1894, respectivamente.

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Aliás, foi neste ano que ela conheceu aquele que seria seu marido, Pierre Curie. Os dois começaram a estudar magnetismo juntos, mas sob a influência de Henri Becquerel, que havia descoberto a radioatividade espontânea, migrou para esta área de estudo. Foi então que suas grandes contribuições para a ciência começaram. Ela é a pioneira no estudo da radioatividade, sendo a responsável por isolar dois novos elementos químicos: o polônio, batizado em homenagem a seu país natal, e o rádio, cujo nome vem da alta radioatividade emitida.

Marie Curie foi a primeira mulher a se tornar professora em Sorbonne e incentivou o governo francês a construir o Instituto do Rádio (hoje o Instituto Curie). Seus estudos, porém, podem ter influenciado diretamente sua morte, que aconteceu em 1934. Não era raro vê-la carregando isótopos radioativos nos bolsos e isso a fez sofrer de forma intensa os efeitos da radiação que tanto estudou.

Menos lembrada que Marie Curie é sua filha, Irène Joliot-Curie, vencedora do Nobel de Química de 1935 pela descoberta da radiação artificial. Ela teve o privilégio de estudar no Instituto criado por sua própria mãe e foi lá que notou pela primeira vez a existência do pósiton e do nêutron, embora essas descobertas não sejam atribuídas a ela. O reconhecimento veio apenas alguns anos depois, quando, em parceria com seu marido, estudou a radiação artificial. Da mesma forma que sua mãe, o trabalho com esse tipo de material teve seu preço e Irène foi diagnosticada com leucemia por causa da exposição prolongada ao polônio, doença da qual veio a falecer em 1956.

A terceira geração das Curie se completa com Hèléne Langevin-Joliot, filha de Irène. Nascida em 1927, ela é a única da família sem um Nobel. Hoje, Hèléne é professora no Instituto de Física Nuclear na Universidade de Paris e diretora de pesquisas do CNRS (Centro Nacional para a Pesquisa Científica, na França).

 

2. Chien-Shiung Wu (1912 – 1997)

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Chien-Shiung foi uma garota de sorte. Incentivada pelo pai, cresceu em um ambiente de muito estudo, com aulas dadas por mentores famosos na área de educação e ciências, além de revistas, livros e jornais à disposição de sua curiosidade. Aos 17 anos, foi aceita na Universidade Nacional Central, de Nanjing, onde começou a estudar matemática, mas acabou se graduando em física. Foi pesquisadora do Instituto de Física da Academia Sinica e, em 1926, foi para os Estados Unidos.

Foi lá que a sorte da menina começou a virar. A despeito de todos os trabalhos que realizou e das importantes descobertas, acabou sendo ignorada por seus colegas e até mesmo pelo Nobel. São dois os seus trabalhos mais conhecidos. Enquanto estava na Universidade de Columbia, foi convidada para participar do Manhatan Project, que culminou na produção das bombas atômicas e no qual ela conseguiu separar o urânio metálico de seus isótopos U-235 e U-238. Por causa desse trabalho com a radioatividade, ficou conhecida como a “Madame Curie chinesa”.

Mas a grande descoberta de Chien-Shiung foi com relação à lei de paridade – que diz respeito à propriedade de simetria de funções de onda. Dois colegas dela, os também chineses Tsung-Dao Lee e Chen Ning Yang, queriam provar que esta lei estava errada e chamaram a cientista para ajudá-los a fazer isso. Foi ela quem conduziu uma série de experimentos com cobalto-60 que foram determinantes para derrubar a tal lei. O porém é que ela não recebeu os créditos pelo trabalho e o Nobel de Física de 1957 ficou apenas com Lee e Yang.

 

3. Rosalind Franklin (1920 – 1958)

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Os nomes de James D. Watson e Francis Crick são muito conhecidos no meio científico, afinal é a eles que é atribuída a descoberta da estrutura do DNA. Porém o que eles fizeram não seria possível se, pouco tempo antes, uma cientista britânica não tivesse chegado à mesma conclusão sozinha e, o que é o principal, conseguido provar que sua hipótese estava correta.

Rosalind Elsie Franklin foi a segunda filha de uma família de cinco filhos. Seu pai era professor de física e história e viu a menina começar a se destacar nos estudos, principalmente na área de ciências. Aos 18 anos foi para Cambridge, onde estudou química e se graduou com honras em 1941. A partir disso, passou cerca de 10 anos estudando o carvão mineral, suas porosidades e difrações no raio-x, habilidade que seria determinante para sua futura descoberta. Em 1951, Rosalind se tranferiu para o King’s College London para trabalhar com proteínas e lipídios, porém foi redirecionada para uma nova pesquisa: a do DNA.

Aos 33 anos, já trabalhava em um projeto que tinha tudo para revolucionar a biologia. Através da difração em raio-x, conseguiu determinar que a molécula de DNA era, na verdade, uma dupla hélice e uma estrutura de fosfato. Um de seus colegas, Maurice Wilkins, teve acesso à famosa fotografia 51 que continha essa informação e disse que Rosalind não estava conseguindo interpretar os próprios resultados, o que deixou a cientista furiosa. Wilkins, então, mostrou a imagem para James Watson que, em troca, mostrou o manuscrito de Linus Pauling que continha uma interpretação diferente para a molécula da DNA. Watson levou a ideia para seu laboratório e convenceu a cientista a não publicar o material dela até que eles tivessem publicado o deles. O artigo de Rosalind acabou sendo o terceiro, se tornando mais uma confirmação daquilo que Watson e Crick haviam feito do que uma descoberta de fato. Os dois, junto com Wilkins, foram reconhecidos com o Nobel de Química em 1962 e Rosalind Franklin ficou relegada a um canto, com sua importância descoberta apenas anos depois.

 

4. Dorothy Crowfooot Hodgkin (1910 – 1994)

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Nascida no Egito e filha de pais arqueólogos, Dorothy Crowfoot começou a se interessar pela química aos 10 anos de idade. Em sua infância e por causa das constantes viagens do pai, transitou bastante entre Egito, Sudão e Reino Unido, mas foi neste último que iniciou seus estudos, na Sir John Leman School. Lá, somente Dorothy e uma amiga foram liberadas a cursar química em uma sala que, até então, era formada apenas por homens. Ao final dos anos de estudo, já estava convicta: estudaria a matéria mais a fundo. Ou talvez bioquímica. Ainda não sabia direito.

É então que a trajetória acadêmica da moça se inicia de fato. Em Oxford, queria estudar uma forma de unir a arqueologia com a química, mas decidiu ouvir os conselhos de seu tutor, F. M. Brewer, e trocou de área de estudo ainda no início do curso. Foi então que Dorothy começou a realizar trabalhos sobre cristalografia de raio-x, técnica que aprimorou nos 30 anos seguintes. Foi por causa desse trabalho que conseguiu confirmar a estrutura da penicilina (que havia sido descoberta recentemente, mas ainda carecia de confirmação) e da vitamina B12, por exemplo.

Por causa dessa dedicação à técnica e pelas descobertas sobre as estruturas das moléculas, Dorothy Crowfoot tornou-se a terceira mulher a receber um Prêmio Nobel de Química, em 1964. Além disso, em 1973, foi primeira – e única – mulher a receber a tradicional Copley Medal, que é oferecida pela Royal Society de Londres desde 1731 em homenagem aos grandes avanços da ciência.

 

5. Ada E. Yonath (1939)

Ada E. Yonath

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Desde a vitória de Dorothy Crowfoot, precisou de mais 45 anos para que outra mulher fosse laureada com um Nobel da Química. Nascida em Jerusalém, Ada Yonath cresceu em uma família pobre. Quem sustentava a casa era o pai, mas quando a menina tinha 11 anos, ele faleceu. Sem uma fonte de renda fixa, ela e a mãe começaram a trabalhar e Ada foi de tudo um pouco, como faxineira, babá e professora particular. Porém, mesmo com os esforços das duas, a situação financeira não melhorou e elas se mudaram para Tel Aviv, para viverem próximas do restante da família.

Apesar da constante falta de dinheiro e da baixa instrução, nem o pai nem a mãe de Ada deixaram que a garota ficasse longe da escola. Quando nova, estudou em uma prestigiada escola judaica chamada Beit Hakerem e, após formada, continuou seus estudos na Hebrew University de Jerusalém, onde cursou quimica, bioquímica e fisico-química.

No final dos anos 1970, começou aquele que seria o maior trabalho de sua vida. Ao estudar o processo de biossíntese das proteínas, precisou entender melhor como a estrutura tridimensional dos ribossosmos, responsáveis pela síntese das proteínas e enzinas nas células, funcionava. Este processo intrigava cientistas há anos e ela dedicou toda a sua vida a isso. Foram mais de 20 anos para que a pesquisa inicial fosse concluída, mas o objetivo de Yonath ainda não estava completo. Com a estrutura em mãos, Yonath começou a estudar como a forma afetava as ações do ribossomo e como os antibióticos bloqueavam as ações de ribossomos bacterianos.

O trabalho foi concluído na década de 2000 e foi premiado o Nobel de Química em 2009, junto com os outros dois cientistas que fizeram parte da pesquisa: Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz. Segundo ela, o prêmio estimulou vários jovens cientistas pelo mundo e, em Israel, agora dizem “cabelo encaracolado significa uma mente cheia de ribossomos”, em referências às madeixas da cientista.

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