7 obras pouco conhecidas da literatura para jovens adultos
Por Bruno Assis
Em 2014, John Green entrou pela primeira vez na lista da Forbes de escritores mais bem pagos do mundo. Para se ter uma ideia, só aqui no Brasil, A Culpa é das Estrelas vendeu cerca de 570 mil exemplares, tornando-se o livro de maior circulação no ano passado, de acordo com a lista do Publishnews. Durante a Bienal do Livro de São Paulo, quem causou frenesi – e longas filas – foram Cassandra Clare, autora da série Os Instrumentos Mortais, e Kiera Cass, da trilogia A Seleção. Esse fenômeno é semelhante ao que acontecia, por exemplo, com os filmes de Harry Potter e acontece até hoje com os de Jogos Vorazes. São apenas alguns exemplos, mas mostram como o mercado de livros para jovens adultos está aquecido. Graças a isso, muitas distopias, sick-lits e romances adolescentes foram lançados nesse período. Selecionamos 7 livros voltados para esse público e que podem ter passado despercebidos por você:
1. Eleanor and Park – Rainbow Rowell
Em sua crítica para o The New York Times, John Green disse que “Eleanor e Park me lembrou não só como é ser jovem e estar apaixonado por uma garota, mas também como é ser jovem e estar apaixonado por um livro.”. Isso não é à toa. Ambientada em 1986, a história de amor entre o meio coreano Park Sheridan e a garota nova na cidade, Eleanor Douglas, é singela e cheia de referências musicais, que vão de U2 a Beatles, passando por Regina Spektor e The Cure.
Em 2013, ano de lançamento nos Estados Unidos, Eleanor e Park foi escolhido como um dos dez melhores livros do ano pela Amazon, um dos 7 melhores livros juvenis pelo The New York Times Book Review e a rede social Goodreads o elegeu como o melhor jovem adulto do ano. Raibow Rowell, autora do livro, também possui outras duas obras já publicadas. Attachments, lançado em 2011 e que ainda não tem previsão para o Brasil, conta a história de um profissional de TI que se apaixona por uma moça enquanto monitorava os emails dela. Já o livro mais recente da autora, Fangirl, lançado por aqui em agosto de 2014, aborda o mundo das fanfics em uma história de crescimento pessoal.
2. Por que Indiana, João? – Danilo Leonardi
Com mais de 60 mil inscritos, o canal do Cabine Literária é um dos maiores do país a falar sobre literatura no YouTube. O fundador é também o autor deste livro. Danilo Leonardi vem causando furor entre os outros booktubers (pessoas que fazem vídeos sobre literatura) e os fãs de seu trabalho no Cabine.
Em Por que Indiana, João? temos uma história sobre bullying que foge dos padrões tradicionais. Assim como aconteceu no caso do menino Casey Heynes, conhecido no YouTube como Zangief Kid, o João do título também reage a um bullie e se transforma em viral da internet. Isso faz com que o foco do livro deixe de ser as agressões em si e passe a ser as consequências delas para as diversas pessoas envolvidas – desde quem sofreu até mesmo quem praticou o bullying, trazendo questões importantes como o papel da mídia, dos pais e da escola no combate a esse problema.
3. Jogador nº1 – Ernest Cline
O ano é 2044 e o cenário não é dos melhores. Crise energética, mudanças climáticas, fome, pobreza, doenças e “meia dúzia de guerras”. Wade Watts é um adolescente de 18 anos que vive em um trailer com mais 15 pessoas e passa a maior parte de seu tempo dentro do OASIS, um jogo online que se transformou em uma realidade virtual usada pelo mundo inteiro. Lá dentro ele assume a identidade de Parzival, um dos muitos caçadores de easter eggs (coisas ocultas) existentes. Estes easter eggs foram deixados pelo criador do jogo, James Halliday, após sua morte. Dez anos se passaram sem que ninguém conseguisse uma pista sobre eles, até que Parzival descobre onde está o primeiro e uma verdadeira busca começa.
Pela sinopse já é possível perceber que Jogador nº1, escrito pelo americano Ernest Cline, é uma boa história de ficção científica e cheia de aventura. O ponto chave do livro, porém, é o clima de nostalgia que o envolve. A caçada pelos easter eggs é recheada de referências a filmes, seriados, jogos e músicas da década de 1980, tudo feito na medida certa para agradar ao público nerd. A grande dica é ler acompanhado pelo Google, para não perder nenhuma das várias citações feitas.
A expectativa para uma adaptação cinematográfica é alta, já que a Warner adquiriu os direitos do livro em 2010 e, em junho de 2014, contratou o roteirista Zak Penn (O Incrível Hulk) para trabalhar em uma versão do roteiro.
4. Trilogia Sábado à Noite – Babi Dewet
Tudo começou como uma fanfic sobre a banda britânica McFly. A história cresceu e foi transformada em um livro independente, vendido durante a Bienal do Livro de São Paulo de 2010. A responsável por essa jornada é a blogueira carioca Babi Dewet, que conta em seu site que vendeu 200 exemplares só no boca a boca durante o evento e depois esgotou as 1000 cópias que tinha feito. O sucesso dessa venda chamou a atenção de uma editora, que comprou a ideia e decidiu publicar a trilogia completa.
Sábado à noite é uma típica história colegial. Há as meninas populares, os meninos mal comportados (chamados de marotos, em uma referência a Harry Potter), os nerds. Enfim, aquele cenário típico de filmes adolescentes. A história toma outro rumo quando a professora de educação artística decide fazer um trabalho e divide a turma em duplas. Amanda, a personagem principal, é alocada com um antigo amor mal resolvido e, para piorar, ela pensa que sua amiga está apaixonada pelo mesmo garoto. O diretor da escola, alheio a esse drama adolescente, decide organizar bailes todos os sábados à noite para aumentar a interação dos alunos. Uma banda mascarada é contratada e ninguém sabe quem são os meninos, mas Amanda tem certeza que as músicas do guitarrista são feitas pra descrever sua vida.
5. Extraordinário – R. J. Palacio
Com A Culpa é das Estrelas, o gênero sick-lit ganhou força e apareceram diversos outros livros que tinham alguma doença como tema central da obra. Dos vários que foram lançados nessa onda, vale o destaque para Extraordinário.
O livro, que atingiu o primeiro lugar da lista dos mais vendidos da The New York Times em junho de 2013, traz a história de Auggie, um menino do quinto ano que possui uma rara doença genética chamada Síndrome de Treacher Collins. Ela causa deformações crânio-faciais, o que pode afetar os ossos da face e resultar em deformações na orelha e problemas nos olhos. O grande desafio do garoto é mostrar que, apesar da aparência, ele é tão normal quanto qualquer um na escola.
As últimas notícias sobre a adaptação cinematográfica do livro são de 2013. De acordo com o Deadline, a Lionsgate é a atual proprietária dos direitos sobre a obra e teria contratado Jack Thorne (do seriado Skins) para trabalhar no roteiro.
6. Lua de larvas – Sally Gardner
Esta distopia, escrita pela britânica Sally Gardner, acompanha a história do garoto Standish Treadwell. Ele tem 15 anos, é órfão, disléxico, criado pelo avô e vive em uma sociedade marcada pela ditadura e opressão, em uma Inglaterra paralela da década de 1950. A situação do garoto só melhora quando Hector se muda para a casa ao lado e as famílias dos dois começam a se ajudar. Porém, assim como os pais de Standish, Hector some de uma hora para outra e cabe a Standish enfrentar a Terra Mãe para salvá-lo.
O livro foi o vencedor do prestigiado concurso inglês Costa Book Award, na categoria Melhor Livro Infantil, e ainda ganhou a Carnegie Medal, que prestigia os melhores livros britânicos para crianças e jovens adultos. A autora também é disléxica e isso é uma parte bastante importante na obra, na qual simplicidade caminha lado a lado com a crueldade. Segundo a crítica do The Guardian, “os leitores adolescentes precisam de grandes temas, grandes ideias e grandes emoções. Encoraje alguém a ler esta forte e comovente novela e abasteça essa pessoa de lenços de papel.”.
7. Anna e o beijo francês – Stephanie Perkins
Em seu site, Stephanie Perkins já diz logo de cara: “escrevo romances para adolescentes (e para adultos que não têm medo de admitir que livros adolescentes são incríveis).”. E é bem isso que seus livros são. Sua trilogia, embora possa ser lida de forma independente, possui histórias que se conectam através de alguns personagens. Anna e o beijo francês é o primeiro destes livros e conta a história da Anna, que se muda para Paris a fim de estudar e precisa se adaptar a uma nova realidade, com novos amigos e amores.
O segundo livro é Lola e o garoto da casa ao lado e segue o mesmo estilo romântico do primeiro. Neste, Lola tinha uma vida tranquila ao lado dos pais e do namorado. Quando os gêmeos Calliope e Cricket voltam a morar na casa ao lado, a vida de Lola sofre uma reviravolta e ela revive os problemas que já teve com os dois: a primeira era sua amiga e decidiu ignorá-la e o segundo machucou o coração da garota tempos atrás.
Estes dois livros já foram lançados no Brasil e integraram a lista de melhores livros para jovens adultos da Yalsa (Young Adult Library Service Association). A trilogia se fecha com Isla and the Happily ever after (Isla e o felizes para sempre, em tradução livre), ainda não lançado por aqui, e que mostra as dificuldades de Isla e Josh em manter um relacionamento frente a conflitos familiares, o futuro acadêmico e a possibilidade cada vez mais real de ficarem separados.