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“Experiência mais chata de todos os tempos” revela por que tudo não fica escuro quando a gente pisca

O cérebro é mais rápido que o olho

Por Fábio Marton
Atualizado em 4 set 2024, 15h21 - Publicado em 20 jan 2017, 19h44

Foram os próprios cientistas que chamaram assim: “a experiência mais chata de todos os tempos”. Os participantes foram instruídos a olhar para um ponto na tela. E… nada além disso. Câmeras infravermelhas conectadas a um computador detectavam quando eles piscavam.

Do ponto de vista dos participantes nada aconteceu. Mas, cada vez que piscavam, o ponto era mexido um centímetro para a direita, sutil demais para que percebessem. Seus cérebros, porém, notaram: após cerca de 30 piscadas, ao abrir as pálpebras, seus olhos começaram a apontar para a posição exata onde o ponto ia parar após ser movido, e não aquela em que estava ao se fecharem.

A explicação dos cientistas é a seguinte: quando nós piscamos,os olhos mudam de posição com o movimento. Acabam apontando para um lugar diferente do que estavam antes. Isso devia terminar em uma bagunça, com nossa visão tremendo e apagando cada vez que piscássemos. Mas o cérebro tem um jeito de resolver o problema.

Mesmo antes de os olhos se abrirem, os músculos do globo ocular são comandados pelo cérebro para reposicioná-los e mantê-los mirados para o que estava sendo visto antes. E, como mostrou o experimento do ponto que se mexe, eles não voltam simplesmente para a posição anterior, mas tentam acompanhar o movimento do objeto observado.

O que isso tem a ver com não vermos a escuridão ao piscarmos? Tudo. “Nosso cérebro faz um bocado de previsão para compensar pela forma como nos movemos pelo mundo”, diz o neurocientista Patrick Cavanagh, do Darthouth College (EUA). Isso se aplica não apenas a mover os olhos, mas como ele próprio interpreta o que é recebido. “Percebemos coerência e não uma cegueira passageira porque o cérebro liga os pontinhos para nós”, afirma David Whitney, da Universidade da Califórnia Berkley, co-autor do estudo.

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